terça-feira, 4 de agosto de 2015

Sem citar Dirceu, FHC exalta instituições: 'Democracia está trabalhando'

José Roberto Castro e Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo

• Tucano disse ironicamente que não sabia sobre prisão de ex-ministro, mas que instituições estão começando a fazer contrapeso à cultura brasileira, de arbítrio

SÃO PAULO - Poucas horas depois da divulgação da prisão do ex-ministro José Dirceu na 17° fase da Operação Lava Jato, o ex- presidente Fernando Henrique Cardoso fez nesta segunda-feira, 3, um discurso para estudantes exaltando as “instituições” que estão combatendo a corrupção.

“As instituições começam a funcionar de uma maneira mais eficiente. Não obstante ao volume de corrupção, que é brutal, alguns responsáveis estão na cadeia, os tribunais começam a funcionar e a polícia começa a prender quem antes não era preso. Os procuradores acusam e a imprensa divulga”, disse FHC ao estudantes da primeira turma da Escola Superior de Propaganda e Marketing.

“A democracia está trabalhando e as instituições estão começando a fazer contrapeso à cultura brasileira, que é de arbítrio”, concluiu o tucano. Eleito em 1994 e reeleito em 1998, Fernando Henrique Cardoso lembrou aos estudantes que foi o “primeiro presidente eleito que não caiu” e fez críticas a atual presidente.

O ex-presidente exaltou a chegada ao poder de movimentos sociais na Espanha, mas disse que no Brasil os partidos ainda não conseguiram entender esse fenômeno.

Ao deixar o teatro em São Paulo onde deu palestra a estudantes universitários, o ex-presidente foi questionado por jornalistas sobre a prisão do ex-ministro. Sem parar para entrevista, FHC respondeu, com ironia: “eu nem estava sabendo”.

Lei de Conteúdo Nacional. Falando a estudantes sobre a necessidade de o País conectar sua produção à produção global, FHC criticou o governo Dilma e a Lei de Conteúdo Nacional para a exploração de petróleo. O tucano disse que a presidente implanta política como se País estivesse “nos anos 30” ou “nos anos 70, como (Ernesto) Geisel”.

“É bom ter indústria nacional, mas não adianta forçar. Só pode produzir petróleo se tiver 65% feito aqui. Como não tem condições, o governo começa a emprestar dinheiro, começam empresas fictícias que não conseguem qualidade, atrasa tudo e não funciona".

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