sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Cunha critica ‘reintrodução’ do PMDB ao governo por cargos

• Presidente da Câmara volta a negar qualquer relação ou interferência na reforma ministerial

Por Isabel Braga – O Globo

BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) criticou o que chamou de "tentativa de reintroduzir o PMDB" no projeto do atual governo com a oferta de cargos a deputados da bancada. Cunha voltou a negar qualquer relação ou interferência na reforma ministerial que está sendo feita pela presidente Dilma e acrescentou que há divergências dentro do PMDB sobre manter ou não apoio ao governo. Entre nomes apresentados pelo líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), à Dilma para ocupação das duas pastas que caberão à Câmara estão deputados próximos de Cunha, como Manoel Junior (PMDB-PB), cotado para assumir o Ministério da Saúde.

— Reforma ministerial é iniciativa da presidente. Eu continuo defendendo que o PMDB saia do governo, que não ocupe cargos. Da minha parte, eu simplesmente ignoro o que está acontecendo com a reforma, é um gesto ao qual não faço parte, não tenho ingerência e nem quero ter — disse Cunha, acrescentando:

— Essa tentativa de reintroduzir o PMDB no projeto é uma tentativa através de cargos públicos. Não é a melhor forma de fazer. Mais ocupação de cargos ou menos ocupação de cargos jamais vai resolver as divergências de base que existiam, eu continuo defendendo a mesma coisa, que o PMDB saia do governo.

O presidente da Câmara disse que há diferença entre deixar de apoiar o projeto desse governo, "do qual o PMDB não está fazendo parte há muito tempo" e assumir posição irresponsável de virar as costas e agir para que a situação da crise financeira do país se agrave. Cunha anunciou em julho, depois da publicação das declarações do delator Júlio Camargo de que ele teria recebido propina de U$ 5 milhões do esquema de corrupção da Petrobras, seu rompimento com o governo Dilma e a ida para a oposição. Para Cunha, o governo agiu para forçar a delação e a apresentação da denúncia contra ele pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Ontem, Cunha disse que não será dando ministérios ao PMDB que a presidente Dilma conseguirá aprovar a recriação da CPMF no congresso. O presidente da Câmara descartou qualquer participação na indicação de nomes de deputados peemedebistas para a ocupação

Cunha se cala sobre denúncias
O presidente da Câmara voltou a dizer que não fará comentários sobre as declarações do ex-gerente da área internacional da Petrobras Eduardo Musa, que afirmou que era Cunha quem dava a palavra final em relação às indicações para a Diretoria Internacional da estatal.

— Não vou comentar, quem responde isso é meu advogado. Essas histórias de ouvir dizer...não vou virar comentarista de delações. Cada um que fale, cabe a meu advogado responder. Senão a cada dia a gente vai ficar aqui só alimentando fatos absolutamente inverídicos — disse Cunha, que também não respondeu sobre a entrega de sua defesa na denúncia no Supremo:

— Isso é com o doutor Antonio Fernando ( advogado de Cunha). Não sei de nada, está nas mãos dele.

Cunha participou na manhã de hoje de inauguração do projeto Câmara Convida, de revitalização da quadra 302 norte e integração com a comunidade. A quadra possuiu vários blocos de apartamentos de deputados. O presidente visitou escolas da quadra, mas acabou não ficando para a partida de futebol de salão entre deputados e estudantes, na quadra reformada.

— Até gostaria, mas não tenho condições hoje e não sou grande atleta — justificou.

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