sábado, 12 de setembro de 2015

Diante da pressão por reforma, PT resiste a entregar a Casa Civil

• Sigla estimula saída de Mercadante, mas não aprova ideia do governo de alocar nome do PMDB

• Presidência diz que texto da Folha sobre a busca por um substituto para o petista não condiz com a realidade

Débora ÁLvares e Valdo Cruz – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Na reformulação da equipe do Planalto em estudo pela presidente Dilma Rousseff, o PT não quer perder o comando da Casa Civil, hoje nas mãos de Aloizio Mercadante.

Segundo a Folha apurou, o partido da presidente aceita e até estimula a troca de Mercadante, mas quer ver no seu lugar o ministro da Defesa, Jaques Wagner, nome preferido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Conforme a Folha revelou nesta sexta (11), Dilma estuda até um nome de fora do PT para ocupar a Casa Civil.

Um nome visto com simpatia entre aliados é o da ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB-TO). A opção poderia sinalizar um apelo de paz aos peemedebistas.

Oficialmente, o Planalto nega com "veemência" que a presidente pretenda trocar Mercadante, mas a Folha ouviu de interlocutores de Dilma que ela manifestou abertamente sua intenção de ceder às pressões, tanto de peemedebistas como de petistas, e mudar o comando da pasta.

Mercadante colecionou, ao longo dos últimos meses, atritos com o PMDB, principalmente com o vice-presidente, Michel Temer. O petista acabou virando alvo de pressões de aliados, que passaram a defender sua saída como solução para a crise política. Seus críticos o consideram abrasivo no trato e centralizador na tomada de decisões.

Dentro do PMDB, uma ala do partido ligada ao vice acredita que um correligionário no comando da Casa Civil poderia reaproximar os peemedebistas do Planalto. Kátia Abreu, contudo, não conta com o apoio integral da sigla.

Seu nome foi citado em jantar de governadores do PMDB com Temer, os presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e os líderes da sigla no Congresso. Os presentes ponderaram que, embora não seja um quadro tradicional da legenda, a peemedebista é próxima a Dilma e Temer.

Kátia seria como um "ombro amigo" para Dilma, que se fortaleceria com alguém de sua confiança por perto. As resistências internas no PMDB e, principalmente, no PT, tornam, porém, seu caminho à Casa Civil complicado.

Nota
Uma nota da Presidência sobre o caso afirma que "o governo federal desmente com veemência a manchete [da Folha]" desta sexta, sobre a busca por um substituto para Mercadante. Afirma que "a reportagem não condiz com a realidade".

O texto traz elogios a Mercadante, afirmando que o ministro faz um "trabalho fundamental para a gestão" e que "tem colaborado para a construção da estabilidade política". Segundo a nota, a reportagem fomenta "especulações desnecessárias".

A Folha mantém a informação publicada, apurada com três interlocutores da presidente e reiterada por um quarto nesta sexta. A negativa do governo reflete a irritação de Dilma com o vazamento de suas intenções.

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