segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Dilma projeta corte superior a R$ 22 bilhões no Orçamento

Anúncio será feito hoje, e programas sociais também poderão ser atingidos

Dilma prepara corte superior a R$ 22 bi

• Redução de despesas do governo vai atingir programas sociais, Previdência e gastos com funcionalismo público

• Reforma ministerial pode ser adiada porque a presidente não falou com todos os cotados para deixar a Esplanada

Natuza Nery – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff prepara um corte superior a R$ 22 bilhões nas despesas do governo como forma de evitar o agravamento da crise. O valor equivale a 1,54% do Orçamento de 2016. Programas sociais não devem ser poupados. O anúncio será feito nesta segunda (14).

Segundo a Folha apurou, o governo também vai propor aumento de impostos e redução de subsídios e isenções fiscais, componentes centrais da política econômica do primeiro mandato da petista.

Com as duas medidas, o governo espera zerar o deficit de R$ 30,5 bilhões projetado no Orçamento de 2016.

O segundo desafio do governo será tomar medidas adicionais para se aproximar o máximo possível da meta de economia de 0,7% do PIB (cerca de R$ 45 bilhões) para o ano que vem.

O anúncio, que foi objeto de reuniões no fim de semana e será amarrado após um encontro de ministros na manhã desta segunda, é a primeira resposta às cobranças do mercado por ter enviado um Orçamento com deficit, medida que levou a agência Standard & Poor's a tirar o selo de bom pagador do país no dia 9, agravando a crise.

"A linha é austeridade extrema, cortar até o osso", disse um ministro.

Ações
Este primeiro anúncio irá tratar da venda de terrenos e imóveis, de leilões de apartamentos funcionais, revisão de contratos, diminuição de secretarias e diretorias e redução de cargos comissionados.

Em outra ponta, falará sobre redução de despesas obrigatórias (90% do que o governo gasta), como gastos com a Previdência e funcionalismo, medidas que dependem de aprovação do Congresso, instituição hoje conflagrada.

Não por acaso, o pacote será mostrado para os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), antes do anúncio. O Planalto não quer correr o risco de ver as medidas serem bombardeadas no Legislativo.

Para cobrir o déficit e chegar aos 0,7% de superavit prometido, equivalentes a R$ 45 bilhões, essas medidas adicionais serão necessárias.

Conforme auxiliares presidenciais, o corte de gastos pode chegar a R$ 25 bilhões, dependendo do desenho que Dilma adotar. É o mesmo valor defendido pelo ministro Joaquim Levy (Fazenda) antes do envio do Orçamento.

Cortes em programas sociais deverão aumentar o fosso entre Dilma e seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, que é crítico do ajuste.

Na semana passada, Lula fez duras críticas ao corte de programas sociais como forma de responder à crise econômica e espezinhou a Standard & Poor's –a mesma empresa que havia dado o chamado grau de investimento ao Brasil em 2008, quando o então presidente Lula disse viver "um momento mágico".

A reforma ministerial, outra frente no esforço de Dilma para tentar debelar a crise, deve ficar para a semana que vem. Isso porque ela ainda não teve tempo para falar com todos os ministros cotados para deixar a Esplanada. A ideia é cortar dez das 39 pastas, mas algumas podem meramente perder o status de ministério.

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