quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Após reforma, base nega quorum para votar vetos

• No primeiro teste no Congresso depois da troca de ministros, Planalto é derrotado por deputados insatisfeitos

Cristiane Jungblut, Isabel Braga, Maria Lima e Washington Luiz - O Globo

- BRASÍLIA- Fracassou ontem a tentativa da presidente Dilma Rousseff de usar a reforma ministerial como teste da coesão da sua base. Líderes de partidos governistas na Câmara se mobilizaram para não dar quorum na Casa e pressionar o presidente do Congresso e do Senado, Renan Calheiros ( PMDB- AL), a incluir na pauta do Senado a proposta de emenda constitucional ( PEC) que volta a permitir a doação de empresas a campanhas eleitorais.

Segundo o governo, os vetos presidenciais, se derrubados, causariam um rombo superior a R$ 60 bilhões aos cofres públicos em quatro anos. A sessão foi remarcada para as 11h30 de hoje.

Ontem de manhã, líderes de partidos da base aliada ( exceto PT e PCdoB) e da oposição se reuniram com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha ( PMDB- RJ), e decidiram manter a obstrução na sessão de vetos, para pressionar o Senado em relação às doações. Mas essa não foi a única razão. A insatisfação de siglas que não se sentiram prestigiadas na reforma ministerial também pesou:

— A base entende a necessidade do governo em deliberar os vetos, a importância disso para o país, mas também defende a importância da conclusão da reforma política. Queremos que o governo também ajude nisso — disse o líder do PR, Maurício Quintella Lessa ( AL).

O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral ( PT- MS), reclamou:

— A reforma foi feita para consolidação de uma base sólida. O governo esperava três, quatro a zero, e o jogo empatou. Não perdeu. Perderíamos se os vetos caíssem. Amanhã, a gente vai saber. O Senado deu quorum, está sereno — disse.

Em evento com o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg ( PSB), Dilma pediu às lideranças do país que coloquem os interesses do Brasil acima dos pessoais:

— Um país do tamanho do Brasil, para ser de fato democrático, tem que exercer a democracia e a capacidade de articular consensos. Suas lideranças têm de perceber quando os interesses do país devem ser colocados acima de seus interesses.

Líderes da oposição comemoraram a derrota do governo na estreia dos novos ministros.

— O dá cá não funcionou — ironizou o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima ( PB).

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