quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Congresso do PMDB deve manter partido na base

Por Andrea Jubé e Daniel Rittner - Valor Econômico

BRASÍLIA - A cúpula do PMDB chega mais uma vez rachada ao encontro do partido, agendado para 17 de novembro em Brasília. A corrente que detém os cargos de alto escalão viu o risco de impeachment refluir e atua para esvaziar os ataques ao governo após a reforma ministerial. Contudo, a tônica do evento, promovido pela Fundação Ulysses Guimarães, serão as críticas duras à gestão Dilma Rousseff e à política econômica. Eventual rompimento com o governo não entrará em deliberação, mas vai nortear os discursos à militância.

Uma fonte da cúpula pemedebista disse ao Valor PRO que o evento, convocado para discutir os rumos do partido e do Brasil, não poupará críticas ao governo. "A situação é muito dramática para não criticar o governo", diz um integrante da Executiva Nacional da sigla.

Em contrapartida, um dos sete ministros do PMDB ressalva que essa não é a visão majoritária da sigla. "Quem deseja o desembarque do governo fomenta esse debate", ponderou. "É preciso avaliar a conveniência ou não de se discutir isso agora", completou.

O mesmo ministro relata que, na viagem oficial do vice-presidente Michel Temer - que é presidente nacional do PMDB - para a Rússia e a Polônia, em meados de setembro, cuja comitiva era formada por todos os ministros da sigla, decidiu-se que o encontro de novembro, promovido pela Fundação, não discutiria o desligamento do governo.

Há pelo menos dois meses, o rompimento do PMDB com o governo era uma tendência crescente na sigla. Em agosto, quando Michel Temer devolveu a coordenação política do governo, após a rede de intrigas palacianas que se formou em seu entorno, e o descumprimento de acordos que ele havia costurado, aumentou a pressão interna para que o partido se afastasse do governo, embora na vice-presidência da República.

Mas a presidente Dilma Rousseff conseguiu reverter essa tendência, ao promover a reforma ministerial, contemplando alas insatisfeitas da sigla, como a bancada da Câmara dos Deputados, que indicou os novos titulares dos ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia.

Em março, quando o PMDB realiza a sua convenção nacional, o debate sobre o afastamento do governo pode vir à tona, em meio às discussões sobre alianças para as eleições municipais. Na ocasião, a sigla renova a Executiva Nacional, com eleição do novo presidente e presidentes dos diretórios regionais.

Ainda assim, a tônica do encontro de novembro serão as críticas à gestão Dilma. Para turbinar a militância, o PMDB reforçará o projeto de lançar candidato próprio à Presidência da República em 2018.

Ministros, governadores, senadores, deputados, prefeitos, e demais lideranças da sigla reproduzirão, nos discursos, o tom do programa partidário levado ao ar em cadeia nacional de rádio e televisão no final de setembro, que coloca em xeque os rumos da economia. No filme, o partido diz que o país enfrenta uma crise que leva ao desemprego e à recessão, bem como à instabilidade política, que retarda as soluções para esse impasse. No encontro, os discursos endossarão essa retórica.

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