segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Corrida à prefeitura do Rio já tem sete pré-candidatos

• Eleição promete ser pulverizada; PT não vai ter candidatura própria

Cássio Bruno - O Globo

A saída do deputado federal Alessandro Molon do PT para a Rede em setembro acirrou a disputa pela prefeitura do Rio, em 2016. Já são sete os pré-candidatos. Se confirmados, a briga pelo comando da cidade sede do Jogos Olímpicos será pulverizada e sem a participação do partido da presidente Dilma na cabeça de chapa. O PT apoiará o PMDB.

O cenário conta com pré-candidaturas de Pedro Paulo (PMDB), secretário municipal de Coordenação; dos senadores Marcelo Crivella (PRB) e Romário Faria (PSB); da deputada federal Clarissa Garotinho (PR); do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL); e do ex-deputado federal Indio da Costa (PSD), além de Molon.

No PMDB, o prefeito Eduardo Paes ganhou a guerra contra Jorge Picciani, presidente estadual do partido e presidente da Assembleia Legislativa. Em articulação com o Planalto, Paes e o governador Luiz Fernando Pezão emplacaram o filho de Picciani, o deputado federal Leonardo Picciani — então pré-candidato à prefeitura —, como líder da legenda, deixando, assim, livre o caminho de Pedro Paulo.

Peemedebistas temem crise do PT
Para tornar Pedro Paulo conhecido, Paes tem usado eventos relacionados aos Jogos e inaugurações de obras como vitrine. A estratégia será intensificada no ano que vem. Além disso, o prefeito, Pezão e o exgovernador Sérgio Cabral têm se empenhado em conseguir alianças importantes. O objetivo é implodir pré-candidaturas de possíveis adversários. Crivella e Romário são os alvos preferenciais.

— Respeito todas as candidaturas. Mas estou focado na confirmação do partido pelo meu nome. É uma responsabilidade tentar dar continuidade ao trabalho — disse Pedro Paulo.

Nos bastidores, peemedebistas temem que a crise do PT e do governo e o andamento da Operação Lava-Jato possam respingar na campanha. Na semana passada, o PMDB do Rio defendeu Dilma publicamente. Em 2014, parte da legenda pediu votos para Aécio Neves (PSDB-MG).

Segundo o presidente regional do PT, Washington Quaquá, a decisão de manter a aliança no estado em 2016 é estratégica para a eleição presidencial em 2018:

— Ajudamos na aproximação da família Picciani e do PMDB com Dilma. Nossa prioridade é criar condições para o retorno de Lula. O PMDB do Rio é nosso aliado.

Com votação recorde, Romário foi eleito senador, anunciou ser pré-candidato a prefeito e assumiu o comando do partido com esse objetivo. No entanto, a candidatura vem se tornando incerta porque ele se aproximou do PMDB. Evita atacar Paes, Pezão e Cabral. Recentemente, foi visto almoçando com o prefeito e o governador.

— Alguns dizem que Romário não tem equipe preparada e não sobreviveria aos debates. Temem perder o espaço que têm — afirmou um aliado do senador.

Já em ritmo de pré-campanha, Freixo tem no horizonte Molon e Romário, com quem pode dividir os votos dos eleitores do campo da esquerda, como obstáculos.

— A diversidade contribui para a democracia. Vai ser a eleição mais disputada dos últimos anos — disse Freixo.

Indio da Costa vem consolidando a précandidatura. A executiva municipal do PSD divulgou nota dizendo aprovar o nome. Mesmo reconhecendo “qualidades” da prefeitura atual, o partido colocou à disposição de Paes os espaços administrativos ocupados pela legenda.

Segunda mais votada do Rio, Clarissa Garotinho flertou com o PSDB, mas não pôde trocar de legenda.

— Sempre quis disputar uma eleição majoritária, mas preciso avaliar o cenário mais à frente e definir uma estratégia — disse Clarissa, filha dos ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha Matheus.

Em relação a Crivella, o cientista político Ricardo Ismael diz que o senador pode surpreender:

— O Molon vai atrapalhar o Freixo. E o Romário poderá embaralhar tudo. Por fora, corre o Crivella, que sempre surpreende na reta final. A briga vai ser para saber quem será o candidato contra o PMDB.

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