quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Lula diz ao PT para aceitar perda de cargos

• 'Dilma fez agora o que deveria ter feito em novembro', afirmou ex-presidente sobre reforma ministerial do governo

• Em reunião com dirigentes petistas, Lula sugere discurso para defender mudanças como resposta à crise

Bela Megale – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Com o PT ameaçado de perder espaço no governo após a reforma ministerial, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com a executiva nacional do partido e pediu aos dirigentes petistas que aceitem a perda de ministérios e cargos do primeiro escalão para ajudar a presidente Dilma Rousseff a enfrentar a crise política.

No encontro que ocorreu nesta quarta-feira (30), na sede do diretório nacional do PT, em São Paulo, Lula afirmou que a reforma é necessária para garantir governabilidade à presidente, mas disse que "Dilma fez agora o que deveria ter feito em novembro", após se reeleger, segundo relataram participantes.

O ex-presidente disse aos aliados que Dilma e o PT precisam vender para a sociedade a ideia de que as mudanças no ministério não foram feitas para evitar a abertura de um processo de impeachment contra a presidente no Congresso, mas para ajudar o país a superar a crise econômica que atravessa.

Segundo relatos dos participantes, os membros da executiva reforçaram a insatisfação com a política econômica do governo e a necessidade de transformá-la para atender à base social petista.

O ex-presidente concordou com as críticas e sugeriu alternativas como o aumento de linhas de crédito do BNDES para financiar investimentos em construção civil, serviços e outros setores que poderiam reativar o consumo e a recuperação da economia.

Petistas relataram que Lula pediu para que os integrantes da executiva nacional se assumam como dirigentes da sigla viajando o Brasil, "de barco, de ônibus, de moto".Lula adiantou que vai almoçar com a presidente nesta quinta (1º), em Brasília, para debater a reforma ministerial.

Após a reunião, o presidente do PT, Rui Falcão, disse que a reforma "deve ser um momento de construção de estabilidade política para que o país possa retomar políticas de crescimento da economia".

A fala seguiu o tom do discurso feito por Lula na reunião, de mostrar que as mudanças na Esplanada não serão feitas com o intuito de barrar o impeachment. No entanto, boa parte dos petistas acreditam que a reforma é um dos últimos recursos que restaram à presidente para se manter no governo.

Lula abriu uma exceção ao participar da reunião desta quarta, porque raramente visita a sede nacional do PT. As conversas do ex-presidente em geral ocorrem no instituto que leva seu nome, na zona sul da capital paulista.

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