quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Cunha minimiza rompimento e lembra que PSDB não o apoiou para cargo

Débora Álvares – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Ao se posicionar publicamente sobre o distanciamento do PSDB, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou, ao fim da tarde desta quarta-feira (11), irritação e defendeu o direito de cada sigla "se posicionar como quer", contestando ainda o fato de tucanos serem seus aliados. Contra isso, argumentou que o partido apoiou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) nas eleições para a Presidência da Câmara no início deste ano.

"O PSDB não me apoiou na minha eleição de presidente. Inclusive teve um candidato, o Júlio Delgado, que está investigado na Lava Jato. Cada um tem o direito de se posicionar como quer. Não me cabe criticar", afirmou em entrevista à imprensa e completou: "Se eu tiver que criticar quem ficar contra mim, também vou ter que aplaudir cada um que ficar a meu favor".

Além de destacar o fato de o PSDB ter apoiado Júlio, Cunha alegou impedimento do deputado de participar de seu processo de cassação no Conselho de Ética. Delgado é membro da comissão que julga ilícitos de parlamentares e já declarou voto em desfavor do peemedebista.

"O candidato que o PSDB apoiou para presidente da Câmara, investigado na Lava Jato, é autor da representação contra mim e também é julgador, que é uma coisa que também deve ser questionada, não pode ser autor e julgador. Provavelmente os advogados irão fazê-lo (questioná-lo). O PSDB deveria falar do seu candidato", afirmou Cunha.

O presidente da Câmara se refere ao pedido de cassação apoiado por Delgado protocolado na Corregedoria da Câmara.

Cunha afirmou ainda que sua posição em relação ao impeachment de Dilma Rousseff não muda em nada com a postura do PSDB. "Não tenho prazo para fazê-lo. Minha decisão vai ser dada de forma técnica, baseada em razões técnicas".

Os tucanos já haviam manifestado, em nota divulgada há algumas semanas, posicionamento pelo afastamento do peemedebista da presidência da Casa. Contudo, nesta quarta, foram mais incisivos. Eles evitavam um embate direto com Cunha para não inviabilizar o impeachment. A avaliação, contudo, é que, para se salvar da cassação do mandato, o presidente acabou se aliando ao governo.

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