sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Dívida da Petrobrás cresce R$ 78 bilhões em três meses

• Alta do dólar elevou a dívida total da companhia a R$ 402 bilhões; empresa fala em vender ativos para aliviar as contas

Fernanda Nunes, Antonio Pita, Mariana Durão - O Estado de S. Paulo

RIO - Principal fragilidade da Petrobrás, a dívida líquida da companhia cresceu R$ 78 bilhões somente entre julho e setembro, segundo o balanço divulgado nesta quinta-feira, 12, pela empresa, chegando a R$ 402,3 bilhões. A dívida bruta, por sua vez, chegou a R$ 506,6 bilhões. A alta do endividamento decorre diretamente da depreciação cambial.

O diretor financeiro da companhia, Ivan Monteiro, condicionou a melhora nos indicadores à reestruturação e à venda de ativos da companhia, e sinalizou que trabalha para reestruturar e alongar os prazos dos compromissos. Segundo ele, “não há risco” de os desinvestimentos não saírem do papel.

A meta em cinco anos é vender US$ 57 bilhões em ativos. Até o próximo ano, a meta é vender US$ 15,1 bilhões. Em 2015, a companhia vendeu US$ 200 milhões e, caso conclua a venda da subsidiária Gaspetro, da área de gás natural, até dezembro, ainda terá mais US$ 500 milhões. O negócio fechado com o grupo japonês Mitsui depende da aprovação de órgãos reguladores.

Segundo Monteiro, a conclusão do plano de venda de ativos para o próximo ano permitirá que a companhia não volte ao mercado para captar novos financiamentos em 2016. Somente neste ano, a estatal já contratou US$ 11 bilhões em empréstimos, com o objetivo de fechar o ano com saldo de caixa de US$ 22 bilhões.

A companhia também negocia mais US$ 3 bilhões em financiamentos, neste ano, para suprir a necessidade de caixa estimada para o próximo ano.

Captação alternativa. Após ter o grau de investimento cassado por três agências de classificação de risco – o que implica em pagar taxas mais altas nos empréstimos feitos no exterior –, a Petrobrás está em busca de alternativas de captação que não elevem excessivamente o seu custo de financiamento. Uma das modalidades em estudo seria a venda com arrendamento e opção de compra (sales and leaseback) de plataformas de produção de petróleo.

O diretor financeiro da estatal detalhou ainda que, em alguns casos, a empresa pode manter a operação de ativos que vierem a ser vendidos. Ele citou o exemplo de gasodutos, que podem ser repassados a terceiros. Nesse caso, ao adquirir o bem, a empresa que fez o negócio deve assinar um contrato garantindo à Petrobrás a operação da rede.

Volta ao mundo. Na próxima segunda-feira, a diretoria da Petrobras, liderada por Monteiro, viajará ao exterior para “dar uma volta ao mundo”, passando por países como China, Estados Unidos, México, Canadá e Inglaterra. “Não conseguimos dar conta da agenda de tanto interesse. Todos querem ter a Petrobrás como parceira”, disse Monteiro.

Com a alta de 28% na cotação do dólar frente ao real no período, o endividamento líquido da empresa atingiu a marca de R$ 402 bilhões. A conclusão do plano de desinvestimento é fundamental para a redução da alavancagem – relação entre a dívida líquida e a geração de caixa da companhia – da estatal, que subiu a 5,2 vezes no trimestre, ante uma taxa de 4,6 vezes no trimestre anterior. A meta da própria companhia é fechar o ano com nível de 3,3 vezes.

“Esse nível está dentro do nosso plano. Não há como reduzir a alavancagem (relação entre endividamento e patrimônio da empresa) sem que haja forte contribuição da venda de ativos. Mas isso não é para um ano especifico, mas ao longo do plano de negócios até 2019”, frisou Monteiro, durante coletiva de imprensa.“A velocidade (da desalavancagem) está viculada à venda de ativos. A aceleração desse processo depende basicamente do plano de desinvestimento.”

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