quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Governo e prefeitura do Rio fazem reforma para retomar liderança do PMDB

• Troca-troca partidário e liberação de secretários com mandato tentam criar maioria pró-Leonardo Picciani

PMDB do Rio sai em socorro de Picciani

• Partido usa cargos e filiações para atrair aliados e retomar liderança perdida

Marco Grillo - O Globo

O PMDB do Rio não tardou a reagir à destituição do líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), e prepara um contra-ataque que, se for bem-sucedido, vai elevar o número de deputados da bancada de 9 para 16. Com isso, os líderes do partido no estado esperam contribuir para elevar o número de assinaturas para reconduzir o hoje ex-líder ao posto e, ainda, reforçar a defesa da presidente Dilma Rousseff contra o impeachment. A estratégia foi definida durante horas de reuniões ontem e consiste em dois artifícios: filiações e abertura de vagas a aliados nas secretarias do governador Luiz Fernando Pezão e do prefeito Eduardo Paes, que participaram da costura política.

O primeiro a deixar o posto e desembarcar em Brasília, ontem, foi o secretário estadual de Esporte, Lazer e Juventude, Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral. Titular da vaga, ele desalojou um suplente do próprio PMDB, mantendo o número inalterado. Em uma triangulação, no entanto, o partido vai ganhar uma cadeira com a saída do aliado Deley (PTB-RJ), que vai assumir o antigo cargo de Cabral. O próximo na fila da coligação PMDB-PTBPP-PSC-PSD é Zé Augusto Nalin (PMDB-RJ), que ficou só um dia afastado da Câmara.

O titular Pedro Paulo Carvalho (PMDB-RJ), atual secretário municipal de Coordenação de Governo no Rio, também vai reassumir a vaga. Pedro Paulo e o partido hesitaram, por medo de uma possível representação no Conselho de Ética, por conta dos episódios de agressão à ex-mulher. Advogados ligados à legenda foram consultados e deram aval à estratégia. Nalim, portanto, seria desalojado, mas a saída de Walney Rocha (PTBRJ) para a Secretaria municipal de Abastecimento e Segurança Alimentar permitirá ao PMDB do Rio uma bancada de onze deputados.

A 12ª vaga está praticamente certa, já que a filiação do deputado federal Altineu Côrtes (PRRJ) foi definida, apenas ainda não formalizada. A 13ª está próxima, com a ida de Dr. João (PRRJ) ao partido. Os dois são titulares do PR, e a negociação com o partido passa pelo governo federal, por meio do ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, também do PR. O acordo faria com que a legenda não solicitasse à Justiça Eleitoral os mandatos dos deputados, sob a alegação de infidelidade partidária.

PMDB quer acomodar aliados
O PMDB trabalha agora em busca de mais espaços nas máquinas estadual e municipal do Rio para acomodar mais aliados de outros partidos e permitir a entrada de mais três deputados da sigla na Câmara. Estão à espera de uma vaga Wilson Beserra, América Tereza, vice-presidente do PMDB Mulher no estado, e Nelson Nahim, que vai trocar o PSD pelo PMDB. Irmão do ex-governador Anthony Garotinho, com quem é rompido, Nahim estará agora ao lado dos principais adversários políticos do irmão.

O plano, desenhado pelo presidente do PMDB no Rio e da Alerj, Jorge Picciani, poderá aumentar bastante a distância para a segunda bancada do partido na Câmara, a de Minas Gerais, que conta com sete deputados. Ontem, o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG) reuniu 35 assinaturas (de um total de 66) e desbancou Leonardo Picciani, filho de Jorge, da liderança do partido.

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