sábado, 19 de dezembro de 2015

Grupo de Temer reclama do STF e do Planalto


  • Oposicionistas do PMDB dizem que governo fez intensa pressão pró-Picciani

Júnia Gama - O Globo

BRASÍLIA - A cúpula do PMDB ligada ao vice-presidente Michel Temer criticou as decisões de anteontem do Supremo Tribunal Federal (STF) — que anulou a comissão de impeachment da Câmara que tinha maioria antigovernista — e do Palácio do Planalto — que conseguiu devolver ao deputado Leonardo Picciani (PMDBRJ) a liderança da bancada na Câmara, fortalecendo a ala do partido contrária à queda da presidente Dilma Rousseff.

Dirigentes do PMDB afirmam que a retomada da liderança pelo grupo governista ocorreu graças a um intenso trabalho de pressão sobre caciques do partido, incluindo ministros, parlamentares e seus familiares. A interferência do Planalto na articulação próPicciani levou integrantes do grupo dissidente do PMDB a reclamar de um suposto viés “chavista” no governo.

— É um governo totalitário. Onde ele vê que pode influenciar, ele vai. A intervenção no PMDB é para transformar nosso partido na filial do PT, e algumas pessoas se prestam a esse trabalho, achando que serão recompensadas se prestarem esse serviço, mas desconhecem a tradição do PT de chupar a laranja e jogar o bagaço fora — disse o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), que esteve na linha de frente da articulação que levou Leonardo Quintão (PMDB-MG) à liderança do partido por uma semana. — O chavismo no governo sempre foi um sonho do PT, e agora passa a ser o Brasil o polo mais importante desse projeto hegemônico e totalitário das esquerdas da América do Sul.

Há reclamações de que o governo teria atuado diretamente para pressionar deputados que apoiaram Quintão a voltar atrás e assinar a lista a favor de Picciani. São citados os casos das deputadas Elcione Barbalho (PMDB-PA) e Simone Morgado (PMDB-PA), mãe e madrasta do ministro Helder Barbalho (Pesca), respectivamente, e do deputado Hildo Rocha (PMDB-MA), a quem teria sido oferecido um cargo no Dnit no Maranhão.

Segundo integrantes da cúpula do partido, cresceu o apelo interno para que a convenção do PMDB, marcada para março, seja antecipada, mas os dirigentes pretendem esperar até fevereiro, na volta do recesso parlamentar, depois que estiver consolidada a decisão do Supremo sobre o impeachment — que será alvo de recursos de partidos da oposição e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A maior preocupação, afirmam peemedebistas históricos, é sobre o que fazer a respeito daqueles que não querem desembarcar do governo Dilma, como os ministros ligados ao Senado. Reservadamente, as críticas no PMDB se estendem também ao Supremo.

— A Câmara representa a nação, e o Senado, os estados. O Supremo tirou da nação o direito de decidir sobre o impeachment e levou esse poder para os estados — afirma um integrantes da cúpula do PMDB.

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