segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Oposição quer ‘janela de infidelidade’ aberta só após impeachment

A abertura da “janela de infidelidade”, aprovada na semana passada pelo Senado, pode garantir a maioria no Congresso para um novo presidente se for implementada apenas depois da decisão sobre o afastamento de Dilma Rousseff.

Oposição pede ‘janela de infidelidade’ só após processo de impedimento

• Ideia é que troca-troca sirva para dar maioria no Congresso ao novo presidente

Isabel Braga e Júnia Gama - O Globo

-BRASÍLIA- Líderes da oposição defendem que a “janela da infidelidade”, aprovada na semana passada pelo Senado, só comece a valer depois da conclusão do processo de impeachment na Câmara. Os senadores decidiram fatiar a emenda da reforma política, aprovando apenas a possibilidade de troca de partido, sem punição, 30 dias após a promulgação da proposta.

A tese dos oposicionistas é de que o momento é de grande instabilidade política e que a janela seria uma passo importante para o permitir o redesenho do quadro partidário após a definição de quem comandará o país.

No dia em que a emenda foi aprovada, senadores da oposição levaram ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a proposta de que a promulgação da emenda só aconteça após o desfecho da crise política. Em plenário, Renan avisou que ela só seria feita após conversa com os líderes, já que não há prazo para a promulgação de emendas.

O líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), defende esperar o desfecho da crise para que a janela permita um rearranjo que garanta governabilidade. Ele avalia que a oposição sairá maior no pós-impeachment, mesmo que ele não se concretize.

— Haverá uma rearrumação grande do quadro partidário, tendo em vista o desfecho da crise política que culminará com a apreciação do impeachment. Se o governo enterra o impeachment, é um quadro que fortalece o governo e é preciso garantir o mínimo de governabilidade. Mas se ele for aceito, a janela também será importante — disse Mendonça Filho.

Líder da minoria, o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) também entende que o momento de instabilidade dificulta os movimentos partidários:

— Apesar de achar que no PSDB teria um resultado positivo, o momento não é para mexer em algo com tão grande repercussão na vida política.

O PSB é um dos que podem ser impactado com a janela. O partido teme, caso decida apoiar o impedimento de Dilma, a debandada dos cerca de 10 deputados do PSB que atualmente se posicionam contra o processo, quando a janela partidária for promulgada.

— Se tivermos uma posição da Executiva a favor do impeachment antes do processo estar consolidado e a janela partidária for promulgada logo depois, vão ter uns fujões que vão querer migrar para um partido mais a favor do governo — afirma um integrantes da cúpula do PSB.

Entre os partidos aliados, o PT diz que é contrário à própria janela da infidelidade, independende da data de sua promulgação. Já o PSD, de Gilberto Kassab, defenderá a promulgação antes da decisão sobre impeachment.

— Na expectativa do êxito do impeachment, a oposição acha que vai colocar a rede e os peixes vão cair. Impeachment e a janela são coisas independentes — afirmou o presidente do PSD, Guilherme Campos.

O PMDB ajudou a aprovar a emenda, mas ainda não definiu como se posicionará.

— Sem a participação do PMDB, por certo esse tema não teria sido aprovado. Penso que Michel irá opinar sobre isso quando for consultado. Mas temos no PMDB diretórios estaduais a favor e contra. Acho que é um processo que vai ter influência nesta decisão — afirmou Eliseu Padilha.

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