quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Imobilismo diante de uma crise que se aprofunda – Editorial / O Globo

• O ex- ministro Delfim Netto, em entrevista ao ‘ Valor’, prenunciauma ‘ tragédia’ se Dilma não assumir suas responsabilidades e encaminhar propostas de reformas

Mantidos os juros em 14,25%, como desejavam Planalto e PT, as projeções semanais dos departamentos de análise do mercado financeiro, coletadas pelo próprio BC e divulgadas no Relatório Focus, sinalizaram piora nas estimativas da inflação deste ano ( de 7% para 7,23%, distanciando- se mais ainda dos 6,5% do teto da meta de 4,5%) e a mesma recessão projetada uma semana antes ( 3% em vez de 2,99%). Em entrevista ao jornal “Valor”, o ex-ministro

O governo anunciará medidas, já com a assinatura Delfim Netto, de trânsito em hostes lulopetistas, do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, adotou o estilo “papo reto”. Segundo ele, se Dilma para resgatar o país da indigesta mistura, não assumir suas responsabilidades e, na reabertura em doses elevadas, de recessão e inflação. Sabedo Congresso, dia 2, não for aos parlamentares se que vem por aí mais oferta de crédito — com propostas de reformas constitucionais e quando ninguém quer se endividar, por não infraconstitucionais, será “uma tragédia”. Ou seja, confiar num governo que não enfrenta a crise mais três anos de recessão e, depois, um longo período fiscal com as devidas reformas estruturais. Como é necessário.de baixo crescimento.

Delfim aponta três reformas: da legislação trabalhista, da Previdência e para desindexar e desvincular gastos do Orçamento. O assunto consta do documento do PMDB “Uma ponte para o futuro”, já bombardeado por Dilma e PT.

Pior para o governo e o país. Delfim se junta a incontáveis analistas que alertam para a ineficácia de se aumentar o volume de crédito, porque “há falta de tomador de crédito”, reforça o ex-ministro.

Mas Dilma, fiel a seu estilo, deverá apostar até as últimas fichas na mágica de recolocar a economia em movimento sem fazer o devido ajuste fiscal. Admita- se que é quase nulo o espaço político para que ela proponha as reformas e as mudanças necessárias. No seu partido e fora dele. Mas precisaria fazê-lo.

Em vez disso, Dilma relançará amanhã o Conselhão (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), criado por Lula em 2003, sob inspiração do assembleísmo do movimento sindical. Parecia um caminho para contornar o Congresso: decidir tudo entre corporações e apresentar o pacote pronto aos parlamentares. Se não funcionou na Constituinte, quando uma comissão presidida pelo inatacável Afonso Arinos redigiu um projeto afinal desconsiderado, não funcionaria com PT, CUT, Fiesp etc.

Relançar o Conselho de Desenvolvimento com famosos das artes cênicas e celebridades do mundo empresarial é procurar entreter a plateia. Dilma tem suas convicções (equivocadas) arraigadas, e o Conselho servirá de mero adereço de mão para seu governo simular um debate corporativo inútil. O Conselhão cumpre a função daquela comissão criada para nada decidir. Enquanto isso, a crise avança.

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