sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

País fecha 1,5 milhão de vagas e analistas preveem piora

Brasil fechou 1,5 milhão de vagas formais em 2015, o pior resultado desde 1992

• Um terço das vagas foram fechadas apenas no mês de dezembro; resultado é bem diferente do de 2014, quando foram gerados 420,8 mil postos com carteira de trabalho

Bernardo Caram - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O País fechou em 2015 um total de 1,542 milhão de postos de trabalho com carteira assinada. O dado é o pior da série histórica, iniciada em 1992 pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social. No mês de dezembro - quando geralmente há mais demissões em função do desligamento de temporários -, foram fechadas 596,2 mil vagas.

O saldo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do ano foi resultado de 17,7 milhões de admissões e 19,2 milhões de demissões.
Se comparado com anos anteriores, o dado de 2015 mostra a profunda deterioração do mercado de trabalho brasileiro. Foram geradas 420,8 mil vagas formais em 2014 e 1,1 milhão em 2013, pela série com ajuste, que inclui dados entregues com atraso pelas empresas. O fechamento de postos em 2015, portanto, anula todo o avanço do emprego formal nos dois anos anteriores.

Mesmo assim, o resultado de 2015 ficou um pouco melhor do que as expectativas de mercado. De acordo com pesquisa AE Projeções com 16 instituições, o saldo do Caged do ano passado ficaria entre um corte de 1,556 milhão a 1,785 milhão de vagas, com mediana negativa de 1,696 milhão.

O ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, admitiu que o dado de 2015 foi pior que o esperado pelo governo, mas disse que o fechamento recorde de vagas não foi suficiente para reverter as conquistas obtidas pelo trabalhador brasileiro no passado recente. "A crise não foi capaz de destruir as conquistas dos últimos anos." Segundo ele, o governo tem trabalhado para retomar a atividade econômica e, por consequência, a geração de empregos.

Em período de retração econômica e restrição do poder de compra das famílias, Rossetto afirmou que há espaço para a expansão do crédito no País, como motivador de ampliação da demanda.

Como argumento para uma possível reversão no quadro negativo do emprego, o ministro disse ainda que o ajuste do câmbio começa a trazer resultados positivos, que há uma reversão da inflação e ampliação de investimentos. Ele ressaltou também que o governo tem tomado medidas necessárias para essa retomada, mesmo em meio a um ambiente internacional mais restritivo.

Dentre os setores, a indústria de transformação foi a responsável pelo maior número de vagas fechadas em 2015. No ano passado, o segmento encerrou 608.878 vagas com carteira assinada. Em dezembro, o saldo do emprego na indústria ficou negativo em 192.833. O único setor que apresentou abertura de vagas em 2015 foi a agricultura, com um saldo positivo de 9.821. Em dezembro, contudo, teve saldo negativo de 58.853 postos.

Remuneração. A deterioração do mercado de trabalho também se refletiu naremuneração dos trabalhadores. Pela primeira vez desde 2003, ss salários de admissão registraram queda real em 2015, com recuo de 1,6% na comparação com 2014.

Rossetto avaliou que o número mostra uma resistência na renda do País, ao argumentar que a queda na quantidade de empregos foi muito forte no ano, com o fechamento de 1,542 milhão de postos, ou uma redução de 3,74% no estoque do mercado formal de trabalho.

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