quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Promotores criticam suspensão da investigação

• Integrantes do MP se referem a Lula e Marisa como “pessoas que se consideram acima da lei”

- O Globo

- SÃO PAULO, BRASÍLIA E RIO- O comando do Ministério Público de São Paulo reagiu ontem à decisão do Conselho Nacional do Ministér io Público ( CNMP) de suspender as investigações contra o ex- presidente Lula. O colegiado deve decidir, na próxima terça- feira, se o promotor paulista Cássio Roberto Conserino será mantido à frente do caso.

Ontem, os promotores que estão investigando supostas ligações de Lula com o tríplex do Guarujá, no litoral de São Paulo, disseram que o CNMP foi induzido ao erro, ao conceder liminar ao pedido do deputado Paulo Teixeira (PTSP) contra as investigações.

Em nota, os promotores se referiram a Lula e demais investigados no inquérito como “pessoas que se consideram acima da lei” e rebateram as acusações de que Conserino foi parcial, ao adiantar que denunciaria Lula.

Os advogados Cristiano Zanin Martins e Nilo Batista, que defendem Lula, disseram que o texto divulgado pelos promotores de São Paulo mostra “nova antecipação de juízo de valor”, deixando clara sua “parcialidade”. Eles disseram, ainda, que o Conserino “resiste à autoridade e competência do CNMP."

Conselheiro nega blindagem
Em outra nota, o conselheiro Valter Shuenquener, responsável pela liminar que cancelou o depoimento de Lula, defendeu a decisão e rebateu as críticas do Ministério Público paulista: “Não tem o objetivo de blindar nenhuma pessoa de qualquer investigação, mas a de averiguar se o devido processo legal está sendo respeitado”, disse Shuenquener, justificando sua decisão.

A suspensão do depoimento provocou divergência entre analistas consultados pelo GLOBO, que ressaltaram que a medida pode tanto desgastar politicamente o ex- presidente quanto levantar dúvidas sobre a investigação do Ministério Público.

— O fato de usar artifícios protelatórios que impeçam esclarecimentos só tendem a gerar mais dúvidas na opinião pública e desgastar a imagem que ele criou — diz Carlos Pereira, da FGV.

O professor Carlos Ranulfo, UFMG, tem uma opinião diferente:

— Lula está sob cerco, e o episódio de hoje (ontem) não se trata de desgastá-lo. Acho que é até bom para o Lula, porque questiona a conduta do promotor, que pode estar com viés político. Ele recorreu a um órgão insuspeito. Ele não está fazendo igual ao Eduardo Cunha que usa o poder dele na Câmara para protelar de qualquer coisa.

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