sábado, 12 de março de 2016

Asfixia dos hospitais universitários - Paulo Pinheiro

• Milhares de pessoas sofrem à espera de um acolhimento minimamente digno

- O Globo

Existem quatro grandes hospitais públicos universitários na Região Metropolitana do Rio de Janeiro: Clementino Fraga Filho ( UFRJ), Gaffrée e Guinle ( UNIRIO), Antonio Pedro (UFF) e Pedro Ernesto (Uerj). Tais unidades, além de realizar pesquisas e formar médicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais, odontólogos, estariam abertas para atender gratuitamente (SUS) aos pacientes nas diversas especialidades e realizar o atendimento de alta complexidade. Os ministérios da Educação e da Saúde são os responsáveis pelo financiamento dos hospitais vinculados às universidades federais, cabendo ao Estado do Rio de Janeiro, através da Uerj, a manutenção do Hospital Pedro Ernesto.

Mas o que se tem visto nos últimos anos? Na esfera federal, com o objetivo de entregar a gestão das unidades à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares ( EBSERH), o Ministério da Educação tem asfixiado as atuais administrações, com um incompreensível subfinanciamento, visível a qualquer um que visite seus três hospitais. Mais de 50% dos leitos dos hospitais do Fundão, Gaffreé e Antonio Pedro estão fechados por falta de recursos para compra de insumos e pagamento de pessoal. “A regra é clara”: segundo o Ministério da Educação, se as direções dos hospitais não aceitarem a entrada da EBSERH, não receberão os recursos necessários para garantir internações, cirurgias e exames. Crise semelhante se instalou no Hospital Universitário Pedro Ernesto. Lá, a asfixia é provocada pelo desastroso governo Pezão, que prefere dar isenções tributárias milionárias a grandes empresas, a repassar recursos previstos na lei orçamentária para a universidade e o hospital, que se veem obrigados a interromper a formação dos seus alunos e fechar as portas para os pacientes. E nem seria necessário um “Maracanã de dinheiro” para resolver os problemas da universidade, tal como foi gasto para a reforma do estádio, que, ironicamente, fica em frente à Uerj.

Nos dois casos, observa-se um abismo entre a teoria e a prática, entre a fantasia da má política e a realidade de milhares pessoas que sofrem à espera de um acolhimento minimamente digno, considerando que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado. Quanto à formação dos alunos e o desenvolvimento das pesquisas, o desastre não é menor e não ficaria surpreso se algum burocrata do governo tirasse um novo coelho da cartola, tal como a EBSERH, propondo um artifício de ensino e pesquisas à distância. Imaginem a economia! Mas esta é a pátria educadora com a qual sonhamos?! Minha não é.

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Paulo Pinheiro é médico e vereador pelo PSOL-RJ

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