quarta-feira, 9 de março de 2016

Dilma faz apelo por 'compreensão, diálogo e unidade' do País

• Sem citar especificamente o temor do governo com o acirramento da violência nas manifestações marcadas para o próximo domingo, Dilma afirmou ainda que o País precisa manter sua reputação de ser um país tolerante

Ana Fernandes, Carla Araújo, Elizabeth Lopes, Felipe Resk, Ricardo Galhardo e Tânia Monteiro – O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff pediu nesta terça-feira, 8, “compreensão, diálogo e unidade” no País, em solenidade no Palácio do Planalto na qual assinou uma portaria para beneficiar com cirurgias reparadoras mulheres vítimas de violência. O apelo foi feito na mesma semana em que militantes começaram a articular atos de apoio ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo da Operação Lava Jato, para o mesmo domingo em que haverá centenas de protestos pelo impeachment de Dilma em todo o País.

“No momento em que nós vivemos, mais uma vez é necessário que a gente repita a importância da tolerância”, afirmou Dilma, sem citar diretamente o temor do governo de eventuais confrontos entre aliados e opositores do governo no fim de semana. “A tolerância e a pacificação da sociedade é algo muito importante.”

A solenidade foi realizada ontem à tarde. Horas antes, Dilma já havia feito apelo semelhante a ministros do governo, durante reunião de coordenação política. A presidente pediu aos aliados que seus respectivos partidos, em especial o PT, desmarcassem qualquer evento previsto para o domingo, a fim de evitar confrontos com manifestantes contrários ao governo. O acirramento de ânimos de partidários e opositores da gestão Dilma, após o depoimento forçado de Lula à Lava Jato, preocupa o Planalto.

Seguindo essa orientação, o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, reuniu-se com líderes da base e pediu a todos que convençam suas bases a cancelarem manifestações no domingo, não aceitem provocações e evitem o enfrentamento.

O Planalto teme que o governo e o próprio PT possam ser responsabilizados por eventuais conflitos, provocando mais desgaste a ambos. Na sexta-feira, após prestar depoimento à Polícia Federal, Lula fez um discurso cheio de críticas à elite e à mídia, afirmou que era a hora de o PT “levantar a cabeça” e que, “se tentaram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo”.

Diante do apelo do governo e da presidente, lideranças de movimentos sociais e sindicais próximos do PT passaram a dizer que não iriam às ruas no domingo, e sim em outras datas previamente definidas para atos contra o impeachment: 18 e 31 de março.

A direção nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT) decidiu orientar as lideranças estaduais a não fazerem manifestações no domingo. A Frente Brasil Popular, formada por partidos, movimentos sociais e sindicais contrários ao impeachment, disse em nota que nenhum eventual ato no domingo faz parte do calendário da entidade, mas o grupo afirmou “apoiar todas as manifestações coletivas”.

Paulista. Em São Paulo, militantes do PT articulam desde domingo um ato em defesa de Lula na Avenida Paulista, no mesmo dia em que está previsto o maior protesto pelo impeachment – a Secretaria de Segurança Pública prevê 1 milhão de pessoas no ato.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que a Polícia Militar não permitirá manifestações de grupos políticos adversários no mesmo local. “No domingo, dia 13, nós devemos fazer um grande trabalho para evitar que haja manifestações contrárias no mesmo local e horário”, disse. “Quem quiser fazer manifestação a favor do governo, contra o impeachment, a favor de quem quiser, tem total liberdade. O que vamos trabalhar é para que não ocorra no mesmo horário e local para garantir a segurança.”

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