terça-feira, 15 de março de 2016

Wagner reconhece força de protestos, mas critica juiz da Lava- Jato

• Para analistas, pressão das ruas acelera impeachment

No dia seguinte à manifestação que reuniu 3,6 milhões de pessoas contra o governo, o ministro Jaques Wagner (Casa Civil) reconheceu o tamanho dos protestos, mas afirmou que o juiz da Lava- Jato, Sérgio Moro, criminaliza os políticos. Segundo ele, Moro foi o “rei da festa” nos protestos. Analistas ouvidos pelo GLOBO avaliam que o recado das ruas é claro e pressiona o Congresso para apressar a votação do impeachment da presidente Dilma.

Jaques Wagner acusa Moro de criminalizar a política

• Para ministro, juiz da Lava- Jato virou o ‘ rei da festa’ nas manifestações

Catarina Alencastro, Eduardo Barretto, Cristiane Jungblut - O Globo


- BRASÍLIA- O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, acusou o juiz Sérgio Moro de criminalizar a política na sua condução, ao lado da Polícia Federal, das investigações da Lava- Jato. Em entrevista, ontem, ele reconheceu a força da manifestação, mas disse que, ao promover uma ação tão duradoura quanto a Lava- Jato, Moro demonstra que tem um plano traçado. Wagner chegou a comparar a política brasileira com o seriado americano “House of Cards”, no qual o ambicioso Frank Underwood é capaz de tudo, até matar, para atingir seu objetivo de chegar à Casa Branca.

— Evidentemente que teve um plano traçado, não estou inventando. O Moro quando escreveu aquele negócio dele, da Operação Mãos Limpas... ele está quase chegando no seu objetivo, da criminalização da política. Alguma vez teve algo tão espetaculoso durante tanto tempo? — questionou Wagner, acrescentando: — Vamos ser francos. É bem- vinda a investigação, se ela produzir o que todos nós queremos, uma relação público- privada menos perniciosa, vamos chamar assim, genericamente. Agora, o que eu não acho razoável é que nesse processo... tudo está sendo criminalizado. 

Manifestação produzida 
Wagner rejeitou a comparação das manifestações de domingo, quando 3,6 milhões de pessoas foram às ruas para pedir o impeachment de Dilma, com as Diretas Já. Para ele, os protestos de ontem foram bem mais produzidos e segmentados. As Diretas Já, disse, não contaram com patrocínio.

— O governo reconhece, sem desmerecer. Mas nunca tivemos uma manifestação tão produzida. Não me venham falar de espontaneidade — declarou o ministro, que citou a mudança no horário da partida entre São Paulo e Palmeiras, da tarde para a manhã, como um apoio ao protesto.

Wagner, que participou com outros sete ministros da reunião de coordenação política com a presidente Dilma Rousseff, sustentou que as manifestações atingiram a classe política como um todo, sem poupar a oposição. Para ele, Moro foi “o rei da festa”.

— O Aécio veio achando que ia chegar e ia ser o rei da festa. O rei da festa foi o Moro. O Moro e outras coisas preocupantes. Os parlamentares da oposição não tiveram beneplácito. Quem achou que ia faturar não faturou — pontuou.

Ainda sobre a manifestação, Wagner admitiu que foi grande e que deve ter “animado” a oposição. O ministro atribui o mau momento econômico do Brasil como principal alimento da insatisfação popular.

— O principal é a economia. As pessoas vinham com esperança — afirmou Wagner, e completou:— O mau humor acaba sendo apontado para o governo federal. NA WEB glo.bo/1M2xucf Fotogaleria: as manifestações de domingo pelo Brasil

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