sexta-feira, 1 de abril de 2016

FHC defende que 'consenso nacional' não pode impedir manutenção da Lava Jato

• Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu que o PSDB deve caminhar "unido" pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff

Ana Fernandes, Elizabeth Lopes e Pedro Vensceslau - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Sem mencionar diretamente o PMDB ou Michel Temer, ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu, em mensagem gravada para o Instituto Teotônio Vilela, a continuidade das investigações da Lava Jato após um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff.

“Vamos ter que, depois do impeachment, buscar um grande consenso nacional. O PSDB tem que ser o partido da construção do futuro do Brasil. Mas isso não pode ser feito a partir de acomodações. O preço do acordo não pode ser acabar com a Lava Jato. A Lava Jato é parte do processo democrático brasileiro. Se houver abusos, há tribunais capazes de contê-los”.

A declaração foi feita um dia depois do procurador da República, Carlos Fernando dos Santos, ter dito que os “governos anteriores” mantinham o controle das instituições. O Estado procurou o Instituo Fernando Henrique Cardoso para que ele comentasse as declarações do procurador, mas até agora não obteve resposta.

Em palestra na Câmara Americana de Comércio Brasil - Estados Unidos, Amcham, o procurador fez um apelo para que o Ministério Público e a Polícia Federal sigam com independência em eventual novo governo. A Procuradoria-Geral da República (PGR) estuda pedir a abertura de inquérito na Lava Jato para investigar o senador e presidente do PSDB, Aécio Neves (MG).

Em delação premiada, o senador e ex-líder do governo no Senado Delcídio Amaral (PT-MS) afirmou que Aécio recebia vantagens ilícitas desviadas da diretoria de engenharia de Furnas. Além disso, Delcídio relatou que Aécio atuou para maquiar as contas do Banco Rural durante CPI Mista dos Correios.

Na mensagem gravada para o novo portal do ITV, FHC disse ser necessário um "consenso nacional", que o PSDB deve caminhar "unido" pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff e defendeu novamente a legalidade do processo de impedimento.

"Diante da incapacidade do governo de governar, de flagrantes abusos que ferem a nossa Constituição praticados reiteradamente por aqueles que detêm o poder, infelizmente, não resta outro caminho se não marcharmos para o impeachment. Não tem nada a ver com golpe, é um remédio constitucional"

O ex-presidente reforça repetidamente, no vídeo de cerca de três minutos, que os movimentos ocorrem "dentro da democracia" e "dentro da Constituição". "Quando há apoio na sociedade, quando há maioria no Congresso e há uma base jurídica, vai ser o impeachment."

Ele insiste também que o processo de impeachment é político, não penal, refutando a defesa do governo de que Dilma é uma pessoa 'honesta' e que, por isso, não poderia ser deposta.

"As pessoas que sofrem eventualmente impeachment não são criminosas, não têm penalidade, não se trata de um processo penal. É um processo político, da incapacidade demonstrada pelo governo de governar e, para tentar governar, infringir a constituição. É por isso que o PSDB deve marchar unido para o impeachment", frisou.

O ex-presidente responsabilizou o governo Dilma e o PT pela situação "dramática" que o País vive. "Esse processo que estamos vivendo é dramático, repito, por erros do governo petista. Nos levaram ao caos que estamos na economia, a essa indecisão na vida política, por incapacidade e vontade de serem hegemônicos, ou seja, de mandar em tudo e não respeitar o outro", afirmou.

"Não queremos o impeachment para desrespeitar o outro, queremos impeachment para reconstruir uma situação democrática que permita a convivência de todos", prosseguiu. E disse que o PSDB tem que ser "o partido da construção do futuro do Brasil", mas sem que isso seja feito "através de acomodações".

Em outro vídeo publicado no site da entidade, Aécio afirmou que o PSDB será “fundamental” para que o Brasil “escreva uma nova página da história do Brasil”

Site. No lançamento do novo site do instituto, o presidente do ITV, José Aníbal, disse que a ideia é o PSDB ampliar a comunicação, para não ser apenas com militantes tucanos, mas para fazer "debates sobre o momento do País", ainda mais em um momento em que avança um processo de impeachment. "O portal ITV quer pensar o Brasil", afirmou ao apresentar o novo portal a jornalistas. Segundo o tucano, eles identificaram essa necessidade com a crescente crise da representação política com a sociedade, algo que vem ficando cada vez

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