quarta-feira, 18 de maio de 2016

PT critica antecipação de prazo contra Dilma

Por Andrea Jubé – Valor Econômico

BRASÍLIA - O presidente do PT, Rui Falcão, afirmou ontem que o partido não vai proibir alianças com o PMDB do presidente interino Michel Temer nas eleições municipais de outubro, mas vai priorizar o diálogo com PCdoB e PDT. Falcão criticou ainda a possibilidade do Senado antecipar para setembro o julgamento do impeachment e relatou alguns dos "erros e acertos" do PT nos 13 anos de Poder.


Questionado se o PT faria alianças com o PMDB, Falcão afirmou que o partido não apoiará candidatos que votaram a favor do impeachment ou que publicamente apoiaram o processo. Ele acrescentou que a legenda vai discutir caso a caso, e que nas cidades com mais de 100 mil eleitores, alianças dependem do aval da Executiva Nacional.

"Se alguém do PMDB quiser participar conosco, que não tenha apoiado o impeachment publicamente, e desde que adote programas do PT, não haverá objeção", disse. Falcão ressaltou também que "o esforço de alianças será com partidos do campo democrático e popular", principalmente PCdoB e PDT.

Na reunião do Diretório Nacional do PT, alas mais à esquerda defenderam que o partido não fizesse alianças com siglas que apoiaram o impeachment. O partido se dividiu entre um modelo de uma oposição "furiosa" e uma "pragmática", na definição de um petista da tendência Mensagem ao Valor. A conclusão foi de que se o PT decidisse restringir demais o leque de alianças, ficaria sem projeção na campanha. "Os eleitores vão compreender que importante é o PT crescer eleitoralmente sem perder a identidade e com programas que beneficiem a população", disse Falcão.

O presidente do PT reagiu ao movimento, em curso no Senado, para que o julgamento final do impeachment seja abreviado para o final de agosto ou início de setembro, como querem aliados do presidente interino Michel Temer.

"Queremos exercer da forma mais ampla possível o direito de defesa, queremos todas as provas, todos os argumentos", disse Falcão. "É preciso que eles comprovem, faticamente e juridicamente, que o impeachment tem base legal, precisa tempo, há perícias, testemunhas a serem ouvidas, é um processo longo que se for encurtado, não pode sê-lo atropelando direitos", alertou.

Segundo Falcão, os petistas consolidaram em uma resolução sobre a conjuntura nacional os erros e acertos do partido nos últimos 13 anos, que levaram a sigla a ser afastada do poder em meio a um processo de impeachment. Para Falcão, houve uma reação "das classes dominantes", que diante de uma situação de "crise profunda do capitalismo", não aceitaram mais o processo de ascensão social e de conquista de direitos dos menos favorecidos. "Demoramos a reconhecer que havia esgotamento da política desenvolvimentista que imprimos em 2003, porque não havia mais espaço para política de ganha ganha", criticou.

No documento de conjuntura, que será divulgado hoje, o PT também aponta erros na política econômica do governo da presidente afastada Dilma Rousseff e faz uma autocrítica, no sentido de que nenhum governo petista investiu em uma reforma tributária progressiva, numa reforma política e na "democratização dos meios de comunicação". O PT volta a se reunir em julho, em reunião ampliada, e em novembro, em encontro extraordinário.

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