sexta-feira, 27 de maio de 2016

Renan diz que Lava Jato é 'intocável' e nega dificultar investigações

BRASÍLIA - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), voltou a se manifestar nesta quinta-feira (26) sobre gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado de conversas entre os dois.

Na quarta (25), a Folha revelou trecho em que o peemedebista defende uma revisão da lei de delação, de forma a impedir que presos façam acordos e virem delatores.

Os novos trechos, revelados pelo "Jornal da Globo", da rede Globo, mostram Renan dando orientações sobre a defesa do ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) e também sugerindo a Machado que fosse procurado o advogado Eduardo Ferrão para tentar uma aproximação com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki –Ferrão e o ministro são amigos.

Já o ex-presidente José Sarney (PMDB) sugere que seja procurado o ex-ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) César Asfor Rocha.


Delcídio foi preso em 25 de novembro do ano passado acusado de obstruir as investigações da operação Lava Jato. Em 10 de maio, às vésperas da votação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, o Senado aprovou a cassação do mandato do ex-petista.

Na nota, o senador afirma não ter tomado "nenhuma iniciativa" ou ter feito "gestões para dificultar ou obstruir as investigações da operação Lava Jato". "Até porque elas [investigações] são intocáveis e, por essa razão, não adianta o desespero de nenhum delator", completa o texto.
O peemedebista lembra ter acelerado a votação da cassação do mandato de Delcídio. Reiterou que o caso foi noticiado, dizendo ainda ter opinado com um amigo do ex-senador "que o processo não podia ficar parado, como não ficou".

"O senador não pode se responsabilizar por considerações de terceiros sobre pessoas, autoridades ou o quadro político nacional", continua a nota.

Renan voltou reafirmar que "suas opiniões sobre aprimoramentos de legislação foram e continuarão públicas". "Não apenas ao tema mencionado nos diálogos, mas também na defesa de que a pena para delações não confirmadas sejam agravadas", concluí a nota divulgada pela assessoria de imprensa do peemedebista.

Mencionado na gravação, o presidente nacional do DEM, senador José Agripino (RN), negou ter tido qualquer conversa com Renan ou Machado sobre a Lava Jato.

"A menção ao meu nome não faz o menor sentido uma vez que eu e o meu partido sempre defendemos e continuaremos a defender as investigações conduzidas pela operação".

O ex-presidente José Sarney afirmou que, "não tendo tempo nem conhecimento do teor das gravações", não teria como responder às perguntas pontuais".

O ministro Teori Zavascki informou, via assessoria, que não vai comentar as citações a seu nome. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também não comenta.

O advogado Eduardo Ferrão informou, por meio de sua assessoria, que nunca foi procurado para tratar do assunto e que não iria comentar. Depois que Teori assumiu a relatoria da Lava Jato no Supremo, Ferrão deixou a defesa de Renan, para evitar conflitos de interesse.

A Folha não localizou Asfor Rocha até a publicação desta reportagem.

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