domingo, 12 de junho de 2016

A ordem é sobreviver, custe o que custar - Alan Gripp*

• Governo Temer fará o possível para confirmar o impeachment; daí para frente, é outra coisa

- O Globo

Na semana que passou, um auxiliar de primeira linha de Michel Temer ainda explicava a escolha para líder do governo do inexpressivo André Moura, do inexpressivo PSC, por exigência do explosivo Eduardo Cunha.

— Qual é a manchete pior? “Governo cede a pressão por novo líder” ou “Governo já sofre derrota no Congresso”? — questionou, deixando claro que a primeira opção representava menor desgaste.

Foi assim o primeiro mês de Temer: pragmatismo até o último fio de cabelo. Críticas à extinção do Ministério da Cultura? Recrie-se o gabinete. Ministro apanhado tentando barrar investigações? Demita-se o suspeito.

A ordem é sobreviver até o dia D, garantir os votos que confirmem o impeachment e, só depois, pensar em vida nova. Para isso, vale tudo: recuar ao menor sinal de mal-estar, engolir sapos, não se meter na vida de quem possa criar problema.

São duas as tarefas rumo ao pote de ouro. 1) Convencer essa entidade chamada “mercado” de que o Congresso responderá quando chamado (não por acaso, o “Ministério de notáveis” virou o “Ministério dos investigados” em dois palitos). 2) Resistir à nova temporada de delações (daí o pé no acelerador na comissão do impeachment).

O andar de cima de Temer está otimista. Uma avaliação mais realista, porém, recomenda não fazer previsões, atividade em descrédito no país da Lava-Jato.
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*Editor de País

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