sábado, 18 de junho de 2016

Governo calcula ter até 61 votos a favor do impeachment

Por Estevão Taiar – Valor Econômico

SÃO PAULO - O governo do presidente interino Michel Temer tem entre 58 e 61 votos a favor do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, mais do que o necessário para o afastamento da petista. A conta é do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha

"Na votação do impeachment na Câmara, fiz uma previsão de que teríamos 368 votos, tivemos 367. No Senado, fiz uma previsão de que teríamos 55, tivemos 55. Se a votação fosse hoje, teríamos entre 58 e 61 votos", disse ontem após evento de um grupo de empresários, em São Paulo, organizado pelo pré-candidato à prefeitura de São Paulo, João Doria (PSDB). Padilha não revelou a maneira como chegou a esses números, mas disse que o monitoramento do Senado é "diário" e realizado "com várias fontes".

Como o próprio Temer já havia dito, o ministro garantiu que o presidente interino não será candidato à Presidência em 2018. Daqui a dois anos, na visão de Padilha, serão beneficiados candidatos que ainda não estão no cenário político. Por isso, "a missão dele [Temer] é recolocar o Brasil nos trilhos de desenvolvimento. Se precisarmos tomar medidas mais duras, elas serão tomadas".


Entre essas medidas, estão as reformas fiscal, da Previdência Social e trabalhista. São nessa ordem as prioridades do governo, que buscará aprová-las neste ano.

A proposta de emenda constitucional (PEC) que limita o crescimento dos gastos da União à inflação do ano anterior foi entregue ao Congresso na quarta-feira. Se aprovada, as reformas previdenciária e trabalhista serão os principais objetos de atenção do governo.

A primeira, segundo Padilha, será construída "a muitas mãos", com participação de governo, empresários e sindicalistas. O ponto principal será a "sustentabilidade" dos sistema, garantiu. Já a reforma trabalhista terá como mote o "acordado sobre o legislado" e buscará "aumentar a produtividade da economia".

Na hora de discuti-las e implementá-las, o Brasil seguirá "países mais desenvolvidos". "Na dúvida, vamos olhar pela janelinha e ver quem está na nossa frente", disse.

O ministro afirmou também que o projeto de lei que defende a terceirização deve ser votado "com alguma rapidez". Quando fez o anúncio, recebeu diversos aplausos do público, formado por grandes empresários. "Não temos saída. Ou caminhamos na direção daqueles que estão na nossa frente ou não teremos saída", disse.

Padilha depois foi questionado por empresários e jornalistas a respeito das investigações da Lava-Jato. Na quarta-feira, pela primeira vez, Michel Temer foi citado em uma delação. O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou que o presidente interino negociou em 2012 propina para a campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo.

O ministro disse que acredita que os responsáveis pela operação terão a sensibilidade para "aprofundar ao extremo" as investigações, mas também "caminharem rumo a uma definição final" no momento necessário. Essa "definição final", diz, tem que ser "sinalizada, porque nós vimos que na Itália [na Operação Mãos Limpas], onde não existiu essa sinalização, houve efeitos deletérios depois do grande benefício, que nós não podemos correr o risco de ter aqui." Ele não disse quais seriam esses efeitos.

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