terça-feira, 21 de junho de 2016

Marcelo Odebrecht dirá que cuidava de 'caixa 2' de Dilma, nota jornal

Por Valor Econômico

SÃO PAULO - Em seu acordo de delação premiada com investigadores da Operação Lava-Jato, Marcelo Odebrecht vai assumir que controlava pessoalmente os recursos legais e ilegais que irrigaram as campanhas presidenciais de Dilma Rousseff em 2010 e 2014. As informações são de reportagem publicada na edição desta terça-feira do jornal “Folha de S. Paulo”.

Segundo a publicação, o ex-presidente da Odebrecht vai relatar que alertou Dilma, em uma conversa no México em 26 de maio de 2015, que a Lava-Jato estava “prestes a descobrir os pagamentos ilícitos que a Odebrecht fez ao marqueteiro João Santana na Suíça”. Dilma, segundo o relato de Marcelo, não lhe teria dado atenção. O executivo teria tratado também de pagamentos ao PT com representantes da legenda em sua casa na zona sul de São Paulo.

A reportagem relata que o executivo “também deve dizer que não considerava crime os pagamentos ilícitos que fez ao marqueteiro do PT”. Na visão de Marcelo, segundo o jornal, os repasses para “caixa 2” de campanhas seriam “parte da cultura política do país e do sistema de financiamento a partidos no Brasil”.


“Marcelo disse a interlocutores que assumirá o controle sobre os gastos nas campanhas presidenciais de 2010 e 2014 porque quer fazer um acordo de delação que prime pela ‘justeza’ – nas campanhas de Lula de 2002 e 2006, ele não estava na presidência do grupo, função que assumiu em 2009”, afirma a reportagem.

A delação do executivo deve confirmar suspeitas da Lava-Jato de que o marqueteiro João Santana recebeu recursos ilícitos no Brasil e no exterior. Na prestação de contas apresentadas à Justiça Eleitoral, Santana afirma ter recebido R$ 42 milhões e R$ 78 milhões pelas campanhas presidenciais de 2010 e 2014, respectivamente.

Em nota, a assessoria da presidente afastada Dilma Rousseff confirmou o encontro com Marcelo no México em 2015, mas afirmou que, na ocasião, não tratou de doações para campanha ou pagamentos ao marqueteiro. Dilma reiterou que "todos os pagamentos pelos serviços prestados da campanha de reeleição, inclusive a João Santana, foram feitos dentro da lei e declarados à Justiça Eleitoral".

O PT disse que só recebe doações oficiais declaradas à Justiça. Já o advogado de Santana, Fabio Tofic Simantob, afirmou que só se manifestará nos processos judiciais.

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