quarta-feira, 1 de junho de 2016

Renan diz que não se pode criminalizar ‘opiniões’

• Em grampo, porém, peemedebista falou em interferir na Lava-Jato

- O Globo

Alvo preferencial dos grampos de Sérgio Machado, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou ontem que não se pode “criminalizar ninguém” por opiniões emitidas. Nas gravações, Renan aparece fazendo críticas ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a quem chamou de mau-caráter, conversando com Machado e José Sarney sobre uma tentativa de interferir na Lava-Jato por meio do advogado Eduardo Ferrão, que, para ele, tem acesso ao ministro Teori Zavascki, do Supremo.



— O povo de Alagoas me elegeu para que eu tenha opinião — disse Renan em entrevista. — Na democracia, a liberdade de expressão não é só para meios de comunicação, é para todos. Não dá para criminalizar ninguém, absolutamente, porque tem opinião. Do ponto de vista da democracia, é um retrocesso inominável.

Foi a primeira declaração de Renan após virem a público as gravações que derrubaram dois ministros. Mais tarde, no Senado, Renan repetiu o argumento de que tudo foi uma expressão de opinião. Afirmou que não realizou nenhum ato para “embaçar” qualquer outro poder:

— Apesar de minhas opiniões sobre o grave momento nacional, asseguro que jamais fiz ou tomei iniciativas para embaçar qualquer um dos outros poderes. Eu prego e respeito a independência entre os poderes.

Renan disse que a liberdade de expressão se aplica aos parlamentares, que não podem sofrer censura ou constrangimento.

— Se não couber a um parlamentar achar alguma coisa, o que vai caber ao parlamentar nesse estágio democrático do Brasil? — indagou Renan.

Jornalistas questionaram se Renan pediu a Fabiano Silveira, que deixou o Ministério da Transparência, para buscar informações sobre processos contra ele na Procuradoria-Geral.

— Eu não vou comentar esses fatos, porque tudo, absolutamente tudo, diz respeito a opinião, ponto de vista, e isso, na democracia, é garantido.

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