quarta-feira, 1 de junho de 2016

Temer usará evento de posse para defender Operação Lava Jato

Valdo Cruz, Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Com a queda de dois ministros em menos de 20 dias de governo, o presidente interino, Michel Temer, quer aproveitar o evento de posse nesta quarta (1º) no Palácio do Planalto para reafirmar compromisso com o combate à corrupção e com o fortalecimento da Operação Lava Jato.

O esforço tem como objetivo tentar diminuir o desgaste causado pelas críticas de auxiliares demitidos às investigações da Polícia Federal e do Ministério Público e sair do clima de agenda negativa que marcou as primeiras semanas da administração interina.

Temer pretende reforçar em seu discurso que integrantes do governo que cometerem ilícitos ou equívocos deixarão o governo.


Em gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, tantoRomero Jucá (Planejamento) como Fabiano Silveira (Transparência) fizeram críticas à Operação Lava Jato. As declarações foram mal avaliadas pela base aliada no Congresso e municiaram discurso de aliados da presidente afastada Dilma Rousseff contra a administração interina.

A ideia inicial era que fossem promovidos dois eventos de posse no Rio de Janeiro, nos quais seriam oficializadas as trocas nas presidências da Petrobras e no BNDES.

O peemedebista, porém, fez questão de levá-los ao Palácio do Planalto e de acrescentar também as posses de postos de comando no Banco do Brasil, Caixa Econômica e Ipea, dando maior peso à solenidade, que foi apelidada pela gestão interina de "superposse".

No discurso que pretende fazer na solenidade, para a qual convidou empresários de diferentes setores, o presidente interino destacará que as posses marcam um novo momento do país para a recuperação da econômica e retomada dos investimentos.

O peemedebista também elencará medidas que pretende enviar ao Congresso, como o limite para gastos públicos e a reforma previdenciária, e destacará que os profissionais que tomarão posse são "pessoas competentes", que entram no governo federal com a missão de "resgatar" empresas em dificuldades financeiras.

Em crítica à gestão anterior, Temer também ressaltará que eles terão a tarefa de consertar o "pesado legado" de desequilíbrio financeiro das empresas públicas. Na tentativa de arrefecer críticas sobre a falta de profissionais do sexo feminino no primeiro escalão governamental, ele fará questão de ressaltar que o BNDES será comandado pela primeira vez, por uma mulher.

Na cerimônia no Palácio do Planalto, tomarão posse Maria Silvia (BNDES),Pedro Parente (Petrobras), Gilberto Occhi (Caixa), Paulo Caffarelli (Banco do Brasil) e Ernesto Lozardo (Ipea).

Transparência 
Com a saída de Silveira, o presidente interino começou a avaliar desde a noite de segunda-feira (30) nomes para substituí-lo no cargo.

Os mais cotados são do ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Torquato Jardim, da ministra do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Nancy Andrighi e do ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Carlos Velloso.

A escolha passará pelo presidente do Senado Federal, responsável pela indicação de Silveira. Segundo a Folha apurou, Temer já informou a Renan por meio de um interlocutor a disposição de ouvi-lo antes da escolha.

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