domingo, 17 de julho de 2016

As eleições e um olhar pós-impeachment – Gilvan Cavalcanti

As eleições municipais marcadas para próximo 2 de outubro serão realizadas em um novo cenário. Em primeiro lugar, pela confirmação do impeachment de Dilma Rousseff, ou seja, seu afastamento definitivo da presidência da República. E, o vice-presidente Michel Temer, deixará de ser presidente provisório e permanecerá até o fim do mandato, em 2018. Não é pouca coisa. Em segundo lugar, não existirão mais as atenções, as festas, as competições esportivas das olimpíadas. Os turistas estrangeiros e nacionais já estarão de volta às suas origens. A opinião pública terá seus olhos para outros temas. A realidade do cotidiano voltará a bater forte.

Nessas eleições, ainda, podemos afirmar que ocorrerão de formas diversas, se levarmos em conta, o tamanho e a importância das cidades. Nas cidades de menor porte será dominada por temas locais. Nas cidades maiores e, principalmente, nas capitais os pesos dos temas estarão divididos: questões locais e nacionais. O Rio de Janeiro pertencerá entre as cidades que o peso das questões nacionais, certamente, será muito grande. Aqui, estarão presentes e relembradas as grandes manifestações de rua que a cidade protagonizou nos últimos anos, rompendo a inercia de um longo tempo: a insatisfação do modo de governar e de representação. A operação Lava-Jato, também, repercutirá na opinião dos cariocas. Foi ela que permitiu afetar as forças e grupos dominantes na cidade, associados aos governos Lula/Dilma, com a descoberta da enorme corrupção em estatais, principalmente, na Petrobras, etc.

Forte influência terá a responsabilização dos governos do PT e seus associados pelos graves efeitos sociais da crise econômica: desemprego, inflação, estagnação e baixo investimento. Não é novidade para os habitantes do Rio de Janeiro que a fação do PMDB local foi o maior defensor do governo Lula/Dilma. Ajudou e contribuiu para a narrativa fantasiosa que o País, o Estado e Município viviam num mundo maravilhoso. O resultado está aí, para todo mundo vê. A população vai esquecer? Vai ser enganada com novas fantasias? A conjuntura é outra, são outros tempos. Acredito que o eleitorado irá cobrar responsabilidades dos atuais dirigentes do PMDB-Rio, recusando a continuidade dessa aliança no governo municipal.

Espero, de outro lado, que não surjam ataques grosseiros ao novo governo Temer e seus aliados tipo: “governo golpista”, “reacionários e contra os pobres”.

Confio que encontraremos meios democráticos para superar a atual crise política, econômica e ética, sem precedentes, legados pelos governos petistas e aliados. Estou convencido que podemos instigar para conduzir as próximas eleições e induzir debates elucidativos dos problemas da cidade e de seus habitantes.

Para isso é necessário escolher uma alternativa ao que aí está e dirige a cidade. Uma alternativa que olhe para o futuro, sem retrovisor, sem visão dualista, dicotômica: o bem e mal, pobres e ricos, esquerda e direita, etc.

Seria uma ótima contribuição para disputar e derrotar o pessimismo, o radicalismo, o catastrofismo e estimular a confiança na política e nas suas instituições. E, reafirmar o compromisso com a democracia como valor permanente e universal, a defesa e fortalecimento da democracia representativa baseados nos valores da ética, do mérito e da igualdade.

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Gilvan Cavalcanti de Melo é membro do diretório nacional do PPS e da executiva estadual do Rio de Janeiro

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