sexta-feira, 15 de julho de 2016

Atentado mata ao menos 84 em festa do Dia da Bastilha no sul da França

Agências de notícias – Folha de S. Paulo

Ao menos 84 pessoas morreram nesta quinta-feira (14) quando um caminhão avançou de forma deliberada sobre milhares de pessoas que estavam na orla de Nice, no sul da França, comemorando a Queda da Bastilha.

O novo ataque, que até o momento não foi reivindicado por nenhum grupo, fez com que o presidente François Hollande voltasse atrás eestendesse o estado de emergência no país por mais três meses.

Foi decretado luto oficial de três dias pelo governo francês.

Segundo testemunhas e policiais, o veículo entrou na promenade des Anglais, na orla da cidade da Riviera Francesa, por volta das 22h30 (17h30 em Brasília). Minutos antes, os espectadores viram a queima de fogos que celebra o principal marco da Revolução Francesa, feriado mais importante do país.

O motorista havia avançado lentamente por 2 km da avenida antes de acelerar por poucos metros e atropelar mais de cem pessoas.

"Vi os corpos como pinos de boliche no meu caminho. Muito barulho, uma gritaria como eu nunca vou esquecer", disse o jornalista francês Damien Allemand, que passava férias em Nice.
Em pânico, os espectadores da festa saíram correndo da região da orla. Uma hora depois do ataque, a praça estava completamente vazia, após pedido do governo para que moradores e turistas ficassem em locais fechados.

Caminhão avança sobre multidão na França
De acordo com o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, dezenas de pessoas ficaram feridas —entre elas há pelo menos um brasileiro. Ao menos 18 estavam em estado grave.

O caminhão foi parado por um cerco policial perto da praça Masséna. Segundo os agentes, o motorista abriu fogo contra a tropa. Houve troca de tiros e os policiais mataram o condutor. No baú do caminhão, encontraram armas como pistolas, fuzis e metralhadoras, munição e granadas.

Dentro do caminhão, a polícia encontrou os documentos do suspeito morto. Ele foi identificado como um francês de origem tunisiana de 31 anos, que cometeu delitos no passado, mas nunca esteve na lista de pessoas investigadas por terrorismo. Também não se sabe se ele teria ligação com extremistas. Os agentes afirmam que o caminhão era alugado.

Embora nenhum grupo tenha se manifestado sobre a autoria até o momento, diversos usuários de redes sociais ligados à milícia terrorista Estado Islâmico comemoraram o atropelamento.

A facção foi responsável pela série de ataques em Paris, que deixou 130 mortos em 13 de novembro passado.

Autoridades
Horas depois de anunciar, em uma parada militar da Revolução Francesa, ofim do estado de emergência que vigorava desde as ações do Estado Islâmico na capital, o presidente François Hollande voltou atrás e expandiu a medida até outubro.

Em pronunciamento à nação depois de uma reunião de emergência, disse que é "inegável" que o país tenha sofrido uma atentado terrorista. "A França como um todo está sob ameaça do terrorismo islâmico. Nós temos que demonstrar absoluta vigilância e uma determinação inabalável."

Ele prometeu aumentar o controle de fronteiras e reforçar os ataques na Síria e no Iraque —as medidas são as mesmas tomadas após a série de ataques de novembro.

"Nós vimos a violência extrema e obviamente temos de fazer tudo para lutar contra esse terrorismo", disse.

Aliados como o presidente americano, Barack Obama, a primeira-ministra britânica, Theresa May, e a chanceler alemã, Angela Merkel, prestaram suas condolências.

No Brasil, o presidente interino Michel Temer disse que a França foi vítima de "mais uma injustificada intolerância" e chamou o incidente de "abjeto" e "ultrajante".

Se confirmada uma nova ação terrorista, Hollande deverá sofrer mais com a pressão por controle da imigração e por novas medidas para evitar mais mortes como as mais de 200 em três atentados.

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