domingo, 3 de julho de 2016

Bancada do PMDB cogita se abster para ajudar Cunha

• Parlamentares do partido resistem a votar pela cassação do mandato

Leticia Fernandes e Simone Iglesias - O Globo

-BRASÍLIA- Na tentativa de contribuir para um desfecho menos humilhante para o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a bancada do PMDB cogita propor uma abstenção coletiva na votação da cassação de Cunha no plenário, prevista para acontecer no final deste mês.

Entre parlamentares peemedebistas, a ideia é vista como uma “saída mais honrosa” para o presidente afastado e também para o partido. A abstenção pode favorecer Cunha, que escapará da cassação, caso menos de 257 dos 513 deputados votem contra ele.

— Há os que pensam em ajudá-lo e defendem que a melhor forma seria fechar posição pela abstenção na bancada e deixar para os outros partidos cassá-lo. Se houver liberação e cada um no PMDB votar como quiser, sobram poucos ao lado dele — avaliou um parlamentar peemedebista que pediu reserva ao GLOBO.

Um dos vice-líderes do partido contou que, se os votos da bancada do PMDB — que tem 66 deputados — fossem determinantes, estariam dispostos a salvar Cunha da perda do mandato. Mas, como o clima generalizado entre as legendas na Câmara é o de que a cassação será inevitável, peemedebistas creem que a abstenção de parte da bancada será um gesto de “fidelidade” a Cunha.

— É uma conversa que todo mundo está evitando ter, mas a abstenção pode ser uma saída menos indelicada do partido, e Cunha foi nosso líder, amigo, um bom presidente da Câmara. Se o PMDB fosse o fiel da balança, a gente decidia a favor dele, mas a situação dele independe de nós, a maioria dos partidos vota pela cassação — disse.

Medo de desgaste político
Nos cálculos de correligionários de Cunha, dos 66 deputados da bancada, entre 10 e 20 deverão se expor e votar no plenário contra a cassação do presidente afastado, mas a maioria entre os demais pode se abster. A ideia de abstenção coletiva resolve ainda a saia-justa de deputados que não querem “queimar” o peemedebista, tampouco pretendem bancar o desgaste político, às vésperas de uma eleição municipal, de votar para favorecer Cunha.

A eventual abstenção não tem concordância de todos na bancada. Há a percepção de que, se o PMDB tomar essa iniciativa, estará sendo benevolente com Cunha, mas por outro lado, deixará muitos deputados sem discurso em meio à campanha municipal.

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