quinta-feira, 14 de julho de 2016

Planalto já planeja como curar feridas da disputa na Câmara

Débora Álvares, Daniela Lima, Débora Álvares, Valdo Cruz – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - A equipe do presidente interino, Michel Temer, já se prepara, independentemente do resultado da eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados, para curar as feridas deixadas pela disputa dentro da própria base aliada.

Segundo assessores presidenciais, Temer definiu dois passos a serem após a escolha do sucessor de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) : reunir-se com o novo presidente da Casa e identificar os focos de insatisfação entre deputados para garantir a aprovação da agenda econômica de interesse do governo.

O Palácio do Planalto quer aprovar ainda neste ano projetos considerados vitais para recuperar a confiança e retomar o crescimento. Entre eles, a proposta de emenda constitucional que cria um teto para os gastos públicos, o projeto que renegocia as dívidas estaduais e as reformas da Previdência e trabalhista.

São temas polêmicos que, na avaliação da equipe do peemedebista, necessitarão de uma base aliada coesa. Daí a necessidade de não perder tempo e, desde já, conversar com deputados que vão ficar insatisfeitos ou irritados com o resultado da eleição do novo presidente da Câmara.

Auxiliares de Temer já definiram, por exemplo, que terão de negociar com os deputados mineiros do PMDB, que contribuíram para a entrada de Marcelo Castro (PI), ex-ministro de Dilma Rousseff, na disputa. A ala de Minas ficou sem participação no ministério e ainda busca emplacar um nome no Turismo.

A candidatura de Castro, feita à revelia do Palácio do Planalto, foi vista como um sinal de insatisfação de deputados peemedebistas à condução do governo federal, sobretudo na distribuição de cargos e emendas.

O Planalto procurará ainda tanto o chamado "centrão" como o bloco formado por PSDB, DEM e PPS, que ficaram em lados opostos na disputa parlamentar.

O governo quer melhorar também o relacionamento com o deputado Fernando Giacobo (PR-PR), responsável por conduzir a sessão da Câmara na qual o Palácio do Planalto saiu derrotado na votação do pedido de urgência para tramitação do projeto da renegociação das dívidas estaduais.

Giacobo, que lançou sua candidatura para o comando da Câmara dos Deputados e contribuiu para rachar o "centrão", quer indicar um nome para a diretoria de Itaipu Binacional e deve ser atendido na sua reivindicação.

Eleição
O Planalto esperava que fossem para o segundo turno os candidatos Rogério Rosso (PSD-DF) e Rodrigo Maia (DEM-RJ) e torcia para que Marcelo Castro e Giacobo fossem derrotados. A disputa ainda estava em curso até a publicação desta matéria.

O presidente interino pretendia ligar para o vencedor logo após o anúncio do resultado e o receberia já nesta quinta-feira (14) no Planalto com o objetivo de pedir celeridade em propostas como o teto de gastos.

Nas palavras de um assessor, Temer precisará desde o início iniciar uma relação de confiança com o vencedor, uma vez que, caso a presidente Dilma Rousseff seja afastada definitivamente, ele atuará como uma espécie de vice-presidente, assumindo o comando do país durante viagens de Temer ao exterior.

A sessão para a escolha do sucessor de Cunha começou às 18h30 após uma série de idas e vindas de Waldir Maranhão (PP-MA), o interino no comando da Câmara.

Devido à análise do processo de cassação de Cunha na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Maranhão mudou oficialmente o horário da sessão por três vezes. "Demos as contribuições possíveis e, certamente, a história vai fazer a avaliação daquilo que foi possível fazer", disse em sua última entrevista coletiva.

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