sexta-feira, 22 de julho de 2016

Romário desiste de se candidatar

Sem recursos de campanha, o senador Romário (PSB) desistiu de se candidatar a prefeito do Rio. O apoio dele é disputado por quatro pré-candidatos, com ligeiro favoritismo para Marcelo Crivella (PRB).

Romário desiste e pode apoiar Crivella para prefeito

• Decisão teria sido por falta de verba e após pesquisa desfavorável

Bruno Góes e Marco Grillo - O Globo

Um mês após anunciar a pré-candidatura à prefeitura do Rio, o senador Romário (PSB) desistiu da disputa. A decisão foi comunicada na tarde de ontem, durante uma reunião com integrantes da Executiva Nacional do partido, em um hotel no Flamengo, Zona Sul da cidade. O PSB agora negocia para fechar uma aliança para a eleição na capital. O senador Marcelo Crivella, pré-candidato do PRB, vem conversando há meses com os dirigentes da sigla eé o favorito.

Os deputados federais Indio da Costa (PSD-RJ), Alessandro Molon (Rede-RJ) e o deputado estadual Carlos Osorio (PSDB), também pré-candidatos, são outras opções.

Romário também deixará a presidência dos diretórios estadual e municipal do partido. O comando do PSB no estado ficará com o deputado federal Hugo Leal, que vai conduzir as negociações para a formação de uma aliança. O nome que vai presidir a instância municipal ainda não foi definido.


O ex-governador do Espírito Santo Renato Casagrande, secretário-geral do PSB, participou do encontro e disse que o ex-jogador informou que pesquisas mostravam que seus eleitores não gostariam que ele concorresse à prefeitura. Fontes do partido informaram, porém, que os levantamentos mostravam o senador com um percentual de intenção de votos inferior ao que ele imaginava quando se colocou na disputa. Outro ponto citado nos bastidores é a dificuldade que Romário vinha enfrentando para levantar recursos para a campanha e montar uma estrutura capaz de fazer frente aos principais adversários. O senador deixou o hotel junto com o secretário-geral do PSB no Rio, Marco San, e não deu entrevista.

Conversas com Crivella
De acordo com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, Romário não manifestou interesse em deixar a legenda. O dirigente afirmou que o partido “não tem problemas” com o senador, mas ressaltou que a indefinição atrasou a busca por alianças.

— Fomos procurados por todos os candidatos, e todos agora estão no mesmo patamar de negociações — desconversou Siqueira, ao ser perguntado se Crivella era o favorito para receber o apoio.

Ele ressaltou que a aliança será formada com uma legenda “politicamente próxima ao PSB”. No plano nacional, a legenda integra o governo do presidente interino, Michel Temer, mas um apoio ao PMDB no Rio já foi descartado anteriormente pelo próprio Siqueira. No segundo turno da eleição presidencial em 2014, o PSB apoiou o senador Aécio Neves (PSDB) e formou o bloco de oposição ao segundo mandato de Dilma Rousseff ao lado dos tucanos.

As conversas entre correligionários de Romário e Crivella se intensificaram nesta semana. No início do ano, Crivella flertou com o PSB e chegou a anunciar a mudança para o partido, mas desistiu da filiação. Integrantes do PRB, que também integra o governo Temer, já dão como certa a aliança, mas o PSB ainda resiste em anunciar. Romário chegou a conversar com Osorio (PSDB), mas as tratativas não foram adiante. Uma reunião entre Osorio, Romário e Aécio, presidente do PSDB, aconteceria há duas semanas, mas foi desmarcada.

Um integrante do PSB ironizou as idas e vindas de Romário com a candidatura.

— Em se tratando de quem é, surpresa seria se tudo já tivesse sido organizado.

Romário mantém uma relação conturbada com o PSB desde o período em que foi deputado federal. Em 2013, chegou a se desfiliar, mas voltou um mês depois, após uma intervenção da Executiva Nacional colocá-lo na presidência do partido no Rio. Após um período fora do comando, reassumiu o cargo em março de 2015, depois de uma disputa interna com o deputado Gláuber Braga, então presidente estadual, que deixou a legenda e se filiou ao PSOL. Em dezembro do ano passado, Romário foi afastado novamente, após O GLOBO mostrar que um de seus assessores parlamentares, que também ocupava a tesouraria da sigla, era acusado de cometer quatro homicídios. Dois meses depois, foi reconduzido ao posto, do qual foi retirado ontem.

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