quarta-feira, 20 de julho de 2016

Temer janta com Renan e Maia para mostrar harmonia

Por Andrea Jubé – Valor Econômico

BRASÍLIA - Uma vasta pauta foi discutida ontem em jantar que reuniu, no Palácio do Jaburu, o presidente interino Michel Temer, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Na agenda, estavam o pacote de medidas de estímulo à economia, as reformas da Previdência Social, trabalhista e política, propostas de combate à corrupção, o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado, o de cassação do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e as eleições municipais. Também participaram o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, e o secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco.

Temer teve a ideia de reunir os chefes dos dois Poderes no fim de semana, quando telefonou para Renan e Rodrigo Maia convidando-os para o encontro. Além da premência em aprovar projetos do Executivo para a reconquista da confiança e retomada do crescimento econômico, Temer tinha em mente o simbolismo do encontro: mostrar harmonia dos Poderes em busca de saída para a crise.


Esse jantar não seria possível, por exemplo, há alguns meses, já que o presidente do Senado dificilmente dividiria a mesma mesa com o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha. "Temer quer dar protagonismo para o Congresso Nacional, ele quer governar com o Congresso, quer que o Legislativo dê apoio ao governo, mas que seja também a porta de saída da crise", explicou ao Valor um auxiliar do interino. "Temer aposta em descentralizar o governo, e não em centralizar o poder em uma única pessoa, como tentaram outros", completou, em uma alusão indireta ao modelo da presidente afastada Dilma Rousseff, que não mantinha diálogo direto com o Legislativo.

Nos discursos recentes, Temer ressaltou que conta com uma base de apoio "sólida" no Congresso, que permitirá ao governo votar matérias para a recuperação da economia. Segundo este auxiliar presidencial, Temer levou para o encontro os principais números do governo, a situação da economia e, nesse cenário, faria um apelo pela tramitação célere dos projetos do Executivo. Encabeçam a lista de prioridades a proposta de emenda constitucional que fixa um teto para os gastos públicos e o projeto de renegociação das dívidas dos Estados. Após o julgamento final do impeachment, quando Temer espera que o afastamento de Dilma Rousseff seja confirmado, o Executivo enviará ao Congresso a proposta de reforma da Previdência, que deverá fixar uma idade mínima pra a aposentadoria. O Planalto se divide entre o momento oportuno para a proposta: antes ou depois das eleições.

Maia e Renan dividirão os holofotes em agosto. Renan comandará a o processo do impeachment até a chegada do tema ao plenário do Senado, enquanto Maia presidirá a cassação de Eduardo Cunha no plenário da Câmara. Se o impeachment for confirmado, Maia ainda assumirá a Presidência da República no início de setembro, quando Temer embarcar para a China. Ontem Maia prometeu levar à votação, no início de agosto, a renegociação das dívidas dos governadores. Outra pauta de interesse do Executivo pronta para ser votada no plenário da Câmara é o projeto que retira da Petrobras a prerrogativa de operadora única do pré-sal.

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