domingo, 21 de agosto de 2016

Opinião do dia – Luiz Sérgio Henriques

A verdade é que esses e outros atos delineiam um “inimigo” conveniente. São sintomas de uma esquerda intelectualmente frágil, incapaz de uma desapiedada visão de si mesma, ela que deseducou parcela grande da sociedade quando, na oposição, patrocinou pedidos em série de impeachment e questionou infantilmente a legitimidade de todos os presidentes. 

Uma esquerda que, como no exemplo americano antípoda, não se mostrou à altura de conquistar o centro, sem tentar destruí-lo, e de efetivamente dirigir o País, renovando-o e contribuindo para a construção de uma vida pública o mais afastada possível da patologia maniqueísta – traço mórbido da crise de nosso tempo. Uma construção que simplesmente não se faz sem o concurso da esquerda, mas não foi possível levar adiante com esta esquerda.
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*Tradutor e ensaísta, é um dos organizadores das 'obras' de Gramsci no Brasil. ‘Uma patologia contemporânea’, O Estado de S. Paulo, 21/8/2016

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