sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Uma Olimpíada que valeu ouro - Roberto Freire

- Diário do Poder

O Rio de Janeiro, o Brasil e o mundo ainda respiram o clima olímpico poucos dias após o encerramento do maior evento esportivo do planeta. Apesar das dúvidas que despertaram e até de certo pessimismo antes de seu início, os Jogos Olímpicos do Rio, encerrados com uma belíssima festa no Maracanã no último domingo, foram um sucesso indiscutível, trouxeram benefícios ao país e nos encheram de orgulho e emoção.

Com raros problemas de organização, comuns a todos os eventos dessa magnitude, a Olimpíada do Brasil serviu também para devolver a autoestima aos cariocas e brasileiros, em meio a uma das maiores crises econômicas de nossa história e em um momento de grandes dificuldades. O chamado espírito olímpico parece ter se espraiado dos estádios, quadras e ginásios onde se realizavam as competições para todo o Rio de Janeiro e os quatro cantos do país. Nossa população se mobilizou em torno do esporte como raramente se viu, contagiada por um clima festivo, de confraternização e felicidade.


É evidente que o resultado esportivo do Brasil, especialmente se analisarmos algumas modalidades nas quais depositávamos grandes esperanças, pode até ter ficado aquém das expectativas mais otimistas. Por outro lado, a delegação brasileira alcançou seu melhor desempenho na história dos Jogos, terminando na 13ª colocação no quadro de medalhas, com sete de ouro, seis de prata e seis de bronze, totalizando 19 subidas ao pódio. Jamais na história olímpica o país havia obtido tantas medalhas em uma edição dos Jogos (o recorde anterior era o da Olimpíada de Londres, em 2012, com 17) ou tantos ouros na soma total (em Atenas-2004, foram cinco).

No Rio, os atletas brasileiros conseguiram chegar à disputa de 71 finais olímpicas, praticamente o dobro da marca atingida há quatro anos (36). Nossa equipe também ficou 19 vezes em quarto ou quinto lugares, muito próxima de uma medalha, em nada menos que 11 modalidades diferentes – o que indica uma notória evolução brasileira e um leque maior de disputas nas quais nossos atletas hoje competem com chances reais de obter bons resultados. Se, entre 1912 e 1992, o Brasil colecionou apenas 39 medalhas, de 1996 até o Rio-2016, nas últimas seis edições olímpicas, esse número saltou para 89 (cinquenta distinções a mais). Um crescimento e tanto em 20 anos. Não é pouco.

Embora tenha ficado em 13º lugar e, portanto, fora do grupo dos dez países mais bem colocados no quadro de medalhas – a meta inicialmente estipulada pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) –, o país deixou a Olimpíada ocupando uma honrosa segunda colocação no ranking de nações das Américas. Ficamos atrás apenas dos Estados Unidos e superamos países tradicionais nos Jogos Olímpicos, como Cuba (18ª colocada, com cinco ouros) e Canadá (20º, com quatro).

Apesar da boa participação brasileira, é preciso reconhecer que devemos reformular nossa política esportiva e, fundamentalmente, investir mais na formação dos atletas, na base da pirâmide. A conquista de medalhas em uma Olimpíada deve ser consequência de um planejamento esportivo bem feito, e não uma busca desenfreada por vitórias em modalidades específicas. A prática esportiva precisa ser estimulada desde cedo, nas escolas, por meio de uma ação coordenada entre o governo federal, os estados, os municípios e as confederações esportivas. Temos um enorme potencial e a vocação inequívoca para a prática do esporte. É necessário apenas incentivá-la e disseminá-la em larga escala.

A Olimpíada do Rio não foi importante só para os cariocas, mas para todos os brasileiros. Durante duas semanas, a Cidade Maravilhosa se transformou na verdadeira capital do país – a capital da festa, da alegria, do espírito esportivo, da paz, da diversidade e do congraçamento entre os povos. Que os Jogos Olímpicos representem o início de um novo momento para o país, com mais confiança, otimismo e esperança em um futuro mais digno e próspero. O Rio mostrou ao mundo que somos uma grande nação e que o Brasil pode e vai dar certo.

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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

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