sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Governador Flávio Dino fica fora de campanha em São Luís

João Luiz Rosa – Valor Econômico

SÃO PAULO - As eleições municipais em São Luís têm nove candidatos para ocupar o Palácio de La Ravardière, a sede da prefeitura, mas nenhum deles conseguiu conquistar o apoio público de um dos personagens de maior peso no cenário político do Maranhão - o governador Flávio Dino.
Primeiro comunista a comandar um governo estadual na história brasileira, e figura central das mudanças que puseram fim ao domínio do clã Sarney no Estado, Dino já havia deixado clara a decisão de não participar da campanha. "Eu estarei nas ruas como militante das boas ideias, mas não a máquina de governo. Essa seguirá servindo a todos os maranhenses - e não aos interesses de um só grupo político, como vimos ao longo dos últimos 50 anos", escreveu ele no Blog dos Leões, mantido pelo governo maranhense, no início de agosto.

A ausência do governador, diz uma pessoa próxima da administração estadual, se deve ao fato de que em 2014 ele foi apoiado por uma frente ampla, composta de nove partidos. Isso sem contar o PT, que se tornou aliado depois da posse. Politicamente, não seria apropriado, agora, apoiar o candidato de um partido da base em detrimento dos demais, explica essa pessoa.

As pesquisas de opinião têm sido lideradas pelo empresário Edivaldo Holanda Júnior, do PDT, que concorre à reeleição. Na campanha de 2012, quando saiu vencedor, ele recebeu o apoio aberto de Dino, que já havia concorrido ao governo do Estado em 2010. Na época, a imagem dos dois juntos foi muito explorada na campanha. Desta vez, nada disso ocorreu, mesmo com Holanda Júnior tendo como vice na chapa o professor e sindicalista Júlio Pinheiro, do PCdoB, o partido de Dino.

Na pesquisa eleitoral divulgada na quarta-feira, pelo Ibope, Holanda Júnior aparecia com 38% dos votos, seguido de Carlos Wellington de Castro Bezerra, o Wellington do Curso, do PP, com 28%. No terceiro lugar estava a deputada Eliziane Gama, do PPS, com 8%. Como o PDT, o PP integrou a coligação que ajudou a eleger Dino. O PPS não participou da base, mas a chapa de Eliziane traz José Joaquim, do PSDB, como vice-prefeito. E o PSDB integrou a coligação.

Encomendada pela TV Mirante, afiliada da Rede Globo, o pesquisa do Ibope ouviu 805 eleitores entre os dias 22 e 28 de setembro. A margem de erro estimada é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE-MA) sob o protocolo MA-05305/2016.

Wellington do Curso, que está na vice-liderança, tem esse nome porque é dono de um curso preparatório para concursos e vestibulares em São Luís. Durante 15 anos, até 2004, foi sargento do Exército. Passou por três partidos nos últimos anos: além do PP, pelo qual concorre à prefeitura, participou do PSL e do PPS. A ascensão no PP, diz uma pessoa que acompanha de perto a política maranhense, veio com o apoio do deputado federal André Fufuca, que assumiu o comando do diretório regional do partido depois do afastamento de Waldir Maranhão. A mudança ocorreu depois do famoso episódio em que Maranhão tentar anular a votação que aprovou o pedido de impeachment da hoje ex-presidente Dilma Rousseff, quando ele dirigia interinamente a Câmara dos Deputados.

Um dos principais problemas de campanha de Wellington do Curso foi um processo de reintegração de posse, no qual ele era acusado de cercar uma área pública de 6.252 metros quadrados, de proteção ambiental, no Sítio Santa Eulália. Nesta semana, na reta final da campanha, o juiz Cícero Dias de Sousa Filho, titular da 4ª Vara da Fazenda Pública de São Luís, emitiu uma sentença de extinção do caso. Segundo a decisão, a Procuradoria Geral do Estado não conseguiu provar que Wellington havia se apossado ilegalmente da área.

A candidata Eliziane Gama disse estar confiante nos resultados de domingo. "Estou otimista e digo isso por experiência de campanha", afirmou ao Valor. Esta é sua quinta candidatura. Anteriormente, ela concorreu aos cargos de deputada estadual e federal. Também competiu pela Prefeitura de São Luís em 2012. Eliziane disse que a disputa foi marcada por um excesso de pesquisas de intenção de voto, o que pode confundir o eleitor. "As diferenças de resultados são muito grandes. Existem pesquisas claramente manipuladas", afirmou.

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