quinta-feira, 15 de setembro de 2016

MPF diz que Lula era o ‘comandante máximo da organização criminosa’

• Ex-presidente é denunciado à Justiça por força-tarefa da Lava Jato • É a primeira vez que petista é acusado formalmente de se beneficiar de esquema na Petrobrás • Parte dos R$ 3,7 milhões que investigadores dizem que Lula recebeu em propina se refere a triplex no Guarujá

A Procuradoria da República no Paraná denunciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua mulher, Marisa Letícia, e mais seis pessoas por corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro em investigação relacionada à Operação Lava Jato. É a primeira vez que o ex-presidente é acusado formalmente de se beneficiar de desvios da Petrobrás. Para o Ministério Público Federal, Lula é o “comandante máximo do esquema de corrupção”. As acusações se referem ao recebimento de vantagens ilícitas da OAS por meio de um triplex no Guarujá e armazenamento de bens do acervo presidencial, de 2011 a 2016. Segundo a denúncia, o ex-presidente recebeu R$ 3,7 milhões de propina da empreiteira. Parte do valor está relacionada ao apartamento: R$ 1,1 milhão para a aquisição do imóvel, R$ 926 mil em reformas, R$ 342 mil para cozinha e móveis, além de R$ 8 mil para eletrodomésticos. O armazenamento dos bens custou R$ 1,3 milhão. “Chegamos ao topo da hierarquia da organização criminosa”, disse o procurador Deltan Dallagnol.

Denúncia afirma que Lula era o ‘comandante máximo’

Lava Jato. Ex-presidente é acusado formalmente por corrupção e lavagem de dinheiro no esquema na Petrobrás; juiz Sérgio Moro vai decidir se o petista se tornará réu ou não no caso

Ricardo Brandt – O Estado de S. Paulo

CURITIBA - A Procuradoria da República no Paraná denunciou ontem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua mulher, Marisa Letícia, e mais seis pessoas pelos crimes de corrup- ção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro em investigação relacionada à Operação Lava Jato. É a primeira vez que o ex-presidente é acusado formalmente – apontando provas materiais e testemunhais – de se beneficiar do esquema de corrupção e desvios de recursos da Petrobrás. Para o Ministério Público Federal, o ex-presidente era o “comandante máximo do esquema de corrupção”

As acusações contra Lula são relativas ao recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira OAS por meio de um triplex no Guarujá, no litoral paulista, e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, mantidos pela Granero de 2011 a 2016.

Ao todo, diz a denúncia, o ex-presidente recebeu ao menos R$ 3,7 milhões a título de propina da OAS. Parte do valor está relacionada ao apartamento no Edifício Solaris: R$ 1,1 milhão para a aquisição do imóvel, outros R$ 926 mil referentes a reformas, R$ 342 mil para a instalação de cozinha e outros móveis, além de R$ 8 mil para a compra de fogão, micro-ondas e geladeira. O armazenamento de bens do petista, pago também pela OAS, segundo os procuradores, custou R$ 1,3 milhão.

Além de Lula e sua mulher, foram denunciados Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, Paulo Gordilho, engenheiro e ex-executivo da OAS, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, ex-executivo da OAS, Fábio Hori Yonamine, ex-presidente da OAS Investimentos, e Roberto Moreira Ferreira, ligado à OAS.

‘Comando’. “Após assumir o cargo de presidente da República, Lula comandou a formação de um esquema delituoso de desvio de recursos públicos destinados a enriquecer ilicitamente, bem como, visando à perpetua- ção criminosa no poder, comprar apoio parlamentar e financiar caras campanhas eleitorais”, diz a denúncia enviada ao juiz Sérgio Moro, que decidirá se o petista se tornará réu ou não.

A Procuradoria pediu ainda o bloqueio de R$ 87 milhões dos denunciados – valor que teria sido desviado de três contratos da OAS em obras das refinarias Abreu e Lima (PE) e Repar (PR).

Para o coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, apesar de detalhar a atuação de Lula na suposta organização criminosa, a denúncia não inclui este crime, já alvo de apuração em um inquérito no Supremo Tribunal Federal. “Chegamos ao topo da hierarquia da organização criminosa. Hoje o MPF acusa o ex-presidente como comandante máximo da organização criminosa.”

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