sábado, 3 de setembro de 2016

Para Temer, fatiamento é ‘pequeno embaraço’

• Na China, presidente diz que não houve manobra no Senado; Moreira Franco afirma que ‘ninguém sabia de nada’

Júnia Gama e Vivian Oswald - O Globo

O presidente Michel Temer e um de seus principais auxiliares, o secretário de Parcerias de Investimentos, Moreira Franco, negaram qualquer espécie de manobra do PMDB no fatiamento ocorrido na votação pelo impeachment de Dilma Rousseff, no Senado, que permitiu que a ex-presidente possa ocupar cargos públicos. Na China, onde participa da reunião do G-20, Temer evitou fazer juízos de valor sobre a questão e disse que, “certa ou errada”, trata-se de uma decisão do Senado.

— Estou acostumado a isso há mais de 34 anos na vida pública e acompanho permanentemente esses pequenos embaraços, que logo são superados. Ontem mesmo, antes de sair de lá (do Brasil), falei com companheiros do PSDB, do PMDB e do DEM e essa questão toda será superada. Não tem a menor dificuldade — afirmou o presidente, para complementar: — Não se tratou de manobra, mas de uma decisão que se tomou. Eu sempre disse, desde o começo, como (presidente) interino, que respeitosamente aguardo a decisão do Senado Federal.


Temer ainda classificou como “movimentozinhos” as manifestações contra seu governo:

— Tenho absoluta convicção de que os brasileiros querem isso. Quem muitas vezes se insurge, como um movimentozinho, é sempre um grupo muito pequeno de pessoas, não é? Não são aqueles que acompanham a maior da vontade dos brasileiros.

Por sua vez, o secretário Moreira Franco afirmou ao GLOBO que o governo foi “surpreendido” pela ação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), articulada com o PT e avalizada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, que possibilitou o fatiamento da pena da ex-presidente Dilma.

— Ninguém sabia. Temer não sabia de nada. Foi todo mundo pego de surpresa numa movimentação do ministro Lewandowski com o Renan — afirmou Moreira. — Quando o presidente voltar, irá fazer uma reunião com a bancada da Câmara e do Senado. Tem que ter regras de comportamento: ninguém pode ser surpreendido desta maneira.

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