domingo, 30 de outubro de 2016

Baque PT disputa apenas 7 cidades grandes

• Em 5, petistas largaram atrás no 2º turno; após derrota em São Bernardo, Lula anuncia que não vai votar hoje

Sérgio Roxo - O Globo

SÃO PAULO - Com candidatos em sete cidades grandes do país, o PT tentará atenuar hoje o desempenho negativo do partido nas eleições municipais deste ano. Mas os resultados do primeiro turno e as pesquisas de intenção de voto indicam um cenário pouco favorável para a legenda. Em cinco dos municípios, os candidatos da sigla ficaram em segundo lugar na disputa de 2 de outubro e largaram atrás no segundo turno.

Apenas em Anápolis (GO) e Santa Maria (RS), os representantes petistas venceram no turno inicial, mesmo assim por uma margem pequena. É justamente nessas duas cidades que a sigla tem as suas maiores esperanças de vitória.

Mas, independentemente do resultado de hoje, o partido amargará uma perda substancial de força nas grandes cidades do país — aquelas que possuem mais de 200 mil eleitores. No primeiro turno, o partido venceu em apenas um desses municípios: Rio Branco, capital do Acre. Num cenário improvável de vitórias hoje em todas as disputas, a legenda chegaria a oito prefeituras. Em 2012, o partido havia conquistado o poder em 15 desses municípios. A cúpula petista já imaginava que teria uma dificuldade adicional nas cidades grandes por causa da conjuntura nacional. Mesmo assim, um novo fracasso hoje deve acirrar ainda mais a crise interna. As correntes de esquerda cobram mudança imediata da direção.

Além de perda de poder nas grandes cidades, o PT está ameaçado no ABC paulista, região que serviu de berço para a formação do partido nos anos 1970. No primeiro turno, o candidato petista de São Bernardo, Tarcisio Secoli, ficou em terceiro lugar na cidade de Lula, que é governada pela legenda há oito anos. Sem opção, o ex-presidente anunciou que não vai votar hoje, já que tem mais de 70 anos e não é obrigado. A sigla disputará o segundo turno em dois municípios da região, com prefeitos que tentam a reeleição. Mas Carlos Grana, de Santo André, e Donisete Braga, de Mauá, ficaram em segundo lugar no primeiro turno e estão ameaçados.

SEM PRESENÇA NO ABC
Se eles forem derrotados, seria a primeira vez desde 1982 que o partido ficaria sem o comando de um município do ABC. Os adversários de Grana e Donisete Braga têm explorado, em suas campanhas, o desgaste petista. O candidato do PSDB em Santo André, Paulo Serra, lembra que o seu colega de partido Aécio Neves venceu Dilma Rousseff na cidade em 2014, ao disputar a Presidência.

— A cidade vem demonstrando que não quer o PT. Sem dúvida a rejeição ao PT nos ajuda — afirma Serra, que teve 35,85% no primeiro turno contra 20,28% de Grana.

O petista lembra que o adversário foi seu secretário quando estava filiado ao PSD e rebate a estratégia:

— A única proposta dele é combater o PT, é disseminar ódio contra o PT. Mas não é eleição partidária, a eleição é para prefeitura de Santo André.

Em Mauá, o petista Donisete Braga chegou a estudar deixar o partido para disputar a reeleição, mas não levou a ideia adiante.

— A cidade é petista, por mais que tenha uma crise. Se tivesse saído, não significa que teria vantagem na eleição — avalia Donisete, que teve metade dos votos do adversário Átilla Jacomussi (PSB) no primeiro turno (22,90% contra 46,73%).

— Ele (Braga) esconde a estrela do PT. Eu não tenho vergonha do meu partido, mas ele deve ter — acusa Átilla.

Outro petista que tentará a releição no segundo turno é João Gomes, Partido perdeu poder em 374 cidades

Carlos Grana, candidato à reeleição em Santo André, recebe Eduardo Suplicy durante evento de campanha prefeito de Anápolis (GO). Gomes conseguiu um desempenho melhor do que seu adversário atual, Roberto Orion (PTB), no primeiro turno (29,92% contra 21,56%).

VANTAGEM APERTADA
Em Santa Maria (RS), o candidato do PT, Valdeci Oliveira, também ficou na frente no primeiro turno, só que com uma vantagem muito apertada. Valdeci teve 29,68% dos votos contra 29,20% de Admar Pozzobom (PSDB).

Na cidade baiana de Vitória da Conquista, os petistas, que estão há 20 anos no poder, encontram um cenário adverso. O candidato do partido, Zé Raimundo, ficou com 31,69% dos votos no primeiro turno, enquanto Herzem Gusmão (PMDB) teve 47,82%.

Em apenas duas das cidades em que o PT disputará o segundo turno hoje foram feitas pesquisas do Ibope ou do Datafolha no segundo turno. Em Recife, o prefeito Geraldo Júlio (PSB), que teve 49,34% dos votos no primeiro turno, se manteve em todos os levantamentos à frente do petista João Paulo, que teve 23,76% dos votos no turno inicial.

Em Juiz de Fora (MG), Margarida Salomão (PT) ficou com 22,38% contra 39,07% do atual prefeito, Bruno Siqueira (PMDB). Siqueira se manteve à frente nas pesquisas do segundo turno.

— Em nenhuma cidade, a situação está fácil. Mas o primeiro turno mostrou que eleitor pode mudar em cima da hora— avalia o secretário de organização do PT, Florisvaldo Souza.

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