segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Ex-assessores de Eduardo Paes ajudam Crivella e Freixo

Italo Nogueira – Folha de S. Paulo

RIO - Três ex-auxiliares próximos do prefeito Eduardo Paes (PMDB) ajudam as campanhas do senador Marcelo Crivella (PRB) e do deputado Marcelo Freixo (PSOL) à sucessão municipal.

Freixo tem o apoio de Eduarda La Rocque, ex-secretária municipal de Fazenda. Crivella conta com dicas de Rodrigo Bethlem, ex-secretário de Ordem Pública e Assistência Social, e de Marcelo Faulhaber, ex-subsecretário da Casa Civil.

Os apoios têm significados e motivações distintas.

Ex-braço direito de Paes, Bethlem é alvo de processos por enriquecimento ilícito e dano ao erário por sua atuação no município. Ele foi flagrado em gravações reconhecendo ter contas na Suíça abastecida por propinas, o que ele nega.

As denúncias contra o colaborador fizeram com que o candidato do PRB tivesse de se explicar. Crivella diz que Bethlem o ajuda com sua experiência na prefeitura, mas não terá cargo no governo.

O ex-secretário afirma ter conhecido Crivella numa padaria próximo ao apartamento dos dois, na Barra.

"Dei um panorama do que faz cada órgão e sobreposição de várias secretarias e órgãos que podem ser fundidos", disse ele.

Bethlem afirma não ter papel na campanha. Mas participou de um evento não-divulgado com moradores da Barra na última quinta-feira (20) com o senador.

Após as denúncias, Bethlem foi abandonado por Paes, que determinou auditorias em sua gestão. Ele não quis comentar o distanciamento com o prefeito. "Já virei esta página. Irei provar a minha inocência e seguir a vida.

TRUNFO
La Rocque é uma espécie de trunfo na campanha de Freixo. Egressa do mercado financeiro, ela ajuda na elaboração de um compromisso de responsabilidade fiscal do candidato do PSOL a ser divulgado nesta segunda (24).

"Ajudo a adequar o programa do PSOL ao orçamento da prefeitura. E é possível. Há um excesso de gasto público. Mas temos que cortar a gordura no meio, e não na ponta, no dinheiro que chega na população", disse ela.

Os dois se aproximaram a dois dias do primeiro turno.

"Ajudaria qualquer um que considero da nova política, e ele era o que tinha chance de passar", disse ela, que elaborou o plano de governo de Fernando Gabeira (PV) em 2008, quando o ex-deputado disputou com Paes a prefeitura.

Ex-secretária de Fazenda de 2009 a 2012, ela ocupou a presidência do IPP (Instituto Pereira Passos) até agosto de 2015. Distanciou-se de Paes após, segundo seu relato, o órgão municipal perder espaço no planejamento de longo prazo da cidade.

A gota d'água, diz ela, foi quando as contribuições do IPP não foram usadas no Visão Rio 500, documento que orienta o desenvolvimento da cidade até 2045. O plano acabou se tornando o programa de governo de Pedro Paulo (PMDB), candidato de Paes.

"Estava junto enquanto achava que o objetivo era uma cidade mais justa e sustentável. Quando passou a ser um projeto de poder, me desvinculei."

PROFISSIONAL
Faulhaber, por sua vez, colabora "profissionalmente", como define. Ele foi contratado para elaborar o plano de governo, estratégia de campanha e o programa de TV de Crivella. Sua empresa, a Rextag, recebeu R$ 490 mil.

"Esse não é um apoio militante. Até se tornou, tenho muita afeição e confiança no senador. Mas fui contratado profissionalmente", disse ele, que fez a pré-campanha de Carlos Roberto Osório (PSDB).

O ex-subsecretário distanciou-se do prefeito em 2010, após divergências que geraram uma carta em que o peemedebista era criticado por sua "ambição e vaidade desmedida".

"Meus problemas com o Eduardo Paes foram superados há muito tempo. Se ele quiser me contratar em 2018, não tem o menor problema", disse Faulhaber.

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