quarta-feira, 5 de outubro de 2016

PSDB e PMDB decidem não apoiar nenhum candidato no Rio

• Aécio diz, porém, que há tucanos que podem votar em Crivella ‘por exclusão’

O Freixo representa, do ponto de vista de sua visão política, a negação de tudo que o PSDB acreditaAécio Neves Presidente nacional do PSDB

Quem achar melhor o candidato A vota no candidato A; e quem achar melhor o candidato B vota no candidato B. A orientação partidiária é não apoiar oficialmente nenhum dos candidatos Jorge Picciani Presidente do PMDB fluminense

Eduardo Bresciani, Maria Lima, Fernanda Krakovics, Marco Grillo - - O Globo

-BRASÍLIA E RIO- O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), confirmou ontem que o partido não apoiará formalmente nem Marcelo Crivela (PRB) nem Marcelo Freixo (PSOL), no segundo turno das eleições do Rio. A posição de neutralidade já havia sido sinalizada pelo tucano Carlos Osorio anteontem, quando o candidato derrotado no primeiro turno disse que não se sentia representado por nenhum dos dois.

O PMDB tomou posição semelhante. Não apoiará formalmente nenhum candidato, mas liberou seus filiados. Há a expectativa por parte da campanha de Crivella de receber o apoio de vereadores e deputados que possuem redutos eleitorais em bairros das zonas Norte e Oeste.

Aécio disse, porém, acreditar que alguns tucanos possam, por exclusão, apoiar Crivella. Tanto Freixo quanto o candidato do PRB estão de olho nos 8,6% dos votos válidos que Osorio obteve no primeiro turno. O motivo para o afastamento de Freixo é a incompatibilidade da pauta nacional do PSOL com os tucanos.

— O Freixo representa, do ponto de vista de sua visão política, a negação de tudo que o PSDB acredita. O próprio discurso feito logo após o primeiro turno, de que dedicava a vitória aos que consideravam o impeachment um “golpe” nos afasta definitivamente dessa opção — afirmou Aécio.

CRIVELLA DESISTE DE CONVERSA COM AÉCIO
Ontem, desde cedo, dirigentes do PSDB já haviam descartado o apoio a Freixo. Mas ainda discutiam a hipótese de apoiar Crivella. O ministro do Desenvolvimento, Marcos Pereira, presidente do PRB, tentou convencer Aécio, sem sucesso. O próprio Crivella disse que procuraria o senador tucano em Brasília, mas, ao ficar clara a dificuldade de o apoio se confirmar, ele ficou no Rio para gravar programas eleitorais de TV.

Aécio disse que conversou com dirigentes do partido no Rio e que eles concordaram em não declarar apoio formal ao candidato do PRB, por não haver identidade com sua campanha.

— É só achismo, mas talvez por exclusão e não por opção, setores do PSDB possam apoiar Crivela — disse Aécio.

PMDB NÃO PUNIRÁ QUEM ESCOLHER CANDIDATO
Os tucanos frisam que o PSOL apoiou o PT no segundo turno em 2014, contra o PSDB, e se opôs ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

— Somos de campos ideológicos opostos — resumiu um dos dirigentes.

O deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), um dos principais articuladores da campanha de Freixo, minimizou a posição do PSDB.

— Cada vez mais, as posições formalizadas das cúpulas partidárias incidem menos sobre o eleitorado. O eleitor não precisa ser liberado porque ele já é autônomo. Acreditamos que parte dos eleitores do Osorio e do Indio da Costa podem ser captados pelas nossas propostas — disse.

Assim como o PSDB, o PMDB decidiu oficialmente ontem que ficará neutro. De acordo com o presidente estadual do partido, Jorge Picciani, a orientação é que os filiados não apoiem formalmente nenhum dos candidatos. Não haverá, no entanto, punição, caso algum candidato ou militante do partido decida se engajar nas campanhas de Crivella ou Freixo. Ontem, O GLOBO já havia adiantado que a tendência dos peemedebistas era optar pela neutralidade.

— O PMDB não apoiará oficialmente nenhum dos candidatos, mas defende que todos aqueles que votaram no PMDB devem comparecer e votar no segundo turno, livremente. Quem achar melhor o candidato A vota no candidato A; e quem achar melhor o candidato B vota no candidato B. Não é da natureza política do PMDB impedir o livre arbítrio, a livre decisão de seus membros — disse Picciani.

Ao ser questionado sobre sua posição pessoal no segundo turno, Picciani desconversou. Ele avaliou que a eleição será “dura”:

— Eu, como cidadão, vou aguardar o dia da eleição e mandar o Artur (filho de 4 anos) votar. Mas vamos votar. Vou escolher um dos dois. Artur ainda não se decidiu. Ainda está entre ser Fluminense e Botafogo, imagina entre Crivella e Freixo — disse.

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