terça-feira, 4 de outubro de 2016

PSOL cresce nas eleições e tenta ser alternativa da esquerda ao PT

Carolina Linhares, Angela Boldrini – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Em meio a uma crise da mais tradicional liderança partidária da esquerda, o PT –que elegeu 256 prefeitos neste domingo (2), ante 644 quatro anos atrás–, o PSOL busca se firmar no pleito deste ano como sigla alternativa nesse campo político.

Nas capitais, a sigla petista lançou nomes em 19 cidades e obteve mais de 10% dos votos em 7 delas (ganhou uma no primeiro turno, Rio Branco, e só em outra, Recife, terá representante no segundo turno).

O PSOL, com estrutura bem menor, superou 10% dos votos em 5 das 22 capitais em que concorreu –está no segundo turno em duas, Belém e Rio de Janeiro.

O partido já garantiu duas prefeituras (Janduís e Jaçanã, ambas no Rio Grande do Norte), mesmo número de 2012, e disputa o segundo turno em Sorocaba, além das duas capitais.

Zé Bezerra, eleito com 55% dos votos, já fora prefeito de Janduís entre 1989 e 1992 pelo PT. Ele e um grupo de petistas tradicionais na cidade migraram para o PSOL há cerca de dois anos.

O PT terá candidatos na segunda rodada em sete municípios.

Em relação aos vereadores, o PSOL passou de 49 eleitos em 2012 para 53 neste ano. O crescimento tímido, porém, veio com a sigla tendo o parlamentar mais votado em capitais como Belém, Belo Horizonte e Porto Alegre (Marinor Brito, Áurea Carolina e Fernanda Melchionna, respectivamente).

Juliano Medeiros, presidente da fundação Lauro Campos, ligada ao PSOL, disse que o sucesso das três vereadoras se deve ao "engajamento da militância do PSOL pelos direitos das mulheres".

O partido também foi um dos que capitanearam a campanha pela redução no voto em legenda para as Câmaras –uma mudança na regra eleitoral passou a exigir um piso de votos nominais para a eleição de vereadores.

No Rio, por exemplo, a proporção de votos na legenda para a coligação PSOL-PCB passou de 50% em 2012 para 12% neste ano –nesse processo, a sigla passou de quatro para seis representantes.
A avaliação de dirigentes do partido, no entanto, é de que o desempenho nacional foi "uma vitória dentro de uma grande derrota", em referência ao crescimento de siglas que apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff.

"Ter ampliado nosso tamanho é um feito. Os partidos conservadores estavam na ofensiva, eles retomaram o protagonismo após o impeachment", disse à Folha.

"Para a esquerda como um todo foi ruim, mas o PSOL não sai derrotado, até cresceu em números absolutos", diz Pedro Ekman, marqueteiro responsável pela campanha de Edmilson Rodrigues em Belém e de Luiza Erundina em São Paulo. "Somos um oásis no avanço rápido da direita."

A vereadora Marinor Brito, reeleita em Belém, faz o seguinte balanço do PSOL até aqui nesta eleição: "A estrada que se abria para o crescimento do partido recebeu uma camada de asfalto".

Em São Paulo, o PSOL reelegeu o vereador Toninho Vespoli e garantiu uma cadeira a mais, ocupada por Sâmia Bomfim.

REDE
A Rede Sustentabilidade, fundada pela ex-senadora Marina Silva, teve desempenho tímido nesta eleição.

O partido lançou candidatos em 154 cidades, mas elegeu só cinco prefeitos no primeiro turno –outros três foram ao segundo turno, em Serra (ES), Ponta Grossa (PR) e Macapá, onde Clécio Luís tenta a reeleição. Em grandes capitais, como Rio e São Paulo, os nomes do partido (respectivamente, Alessandro Molon e Ricardo Young) não superaram 1,5% dos votos.

Nas Câmaras, a Rede elegeu 180 vereadores pelo país.

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