segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Redesenho Fora da capital, PMDB mantém poder no interior

• Partido terá o maior número de prefeituras do estado; no Grande Rio, fragmentação

Leonardo Cazes - O Globo

Enfraquecido, mas nem tanto. O PMDB do Rio perdeu o controle da capital fluminense, mas continua à frente do maior número de prefeituras do estado. No segundo turno, o partido ganhou em Duque de Caxias, com Washington Reis; em Petrópolis, com Bernardo Rossi; e em Belford Roxo, com Waguinho. Assim, a partir de 2017 o PMDB comandará 21 municípios do estado. No primeiro turno, a legenda já tinha vencido em outras cidades importantes, como Macaé e Teresópolis.

Ontem, a única — mas significativa — derrota do PMDB fluminense foi a de Nelson Bornier, que perdeu a reeleição para Rogério Lisboa (PR) em Nova Iguaçu — quarto maior colégio eleitoral do estado — por 36,67% contra 63,33%. Bornier foi prefeito de Nova Iguaçu entre 1997 e 2002 e se elegeu novamente em 2012. Neste mesmo ano, Lisboa se candidatou pela primeira vez e obteve apenas 9% dos votos no primeiro turno.

O candidato do PR chegou a ter a candidatura suspensa pela Justiça Eleitoral no primeiro turno e seus votos não foram validados. Contudo, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) reverteu a decisão e Lisboa pôde enfrentar Bornier.

O reencontro entre velhos conhecidos se repetiu em Petrópolis. Bernardo Rossi (PMDB) e Rubens Bomtempo (PSB) reeditaram o duelo de quatro anos atrás, só que agora Rossi saiu vencedor, com 52,65% dos votos válidos. Assim como Bornier, Bomtempo estava em seu terceiro mandato de prefeito. Ele já tinha comandado a cidade da região serrana entre 2001 e 2008. Rossi foi secretário de Habitação do governo Pezão, é deputado estadual e já presidiu a Câmara dos Vereadores de Petrópolis.

VIRADA ENTRE 2012 E 2016
Outros dois derrotados em 2012 que venceram ontem foram Washington Reis e Waguinho, ambos do PMDB. Há quatro anos, Reis foi derrotado por Alexandre Cardoso (então no PSB, hoje no PSD) na corrida pela prefeitura de Duque de Caxias. Em julho, Cardoso anunciou que não disputaria a reeleição com a alegação de que não era possível adotar medidas de austeridade e ir para as ruas fazer campanha. Reis teve 54,18% dos votos válidos e venceu Dica (PTN). Será a segunda vez que o político do PMDB, que está no segundo mandato de deputado federal, governará a cidade. Ele foi prefeito entre 2005 e 2008. Já Waguinho venceu Dr. Deodalto (DEM) em Belford Roxo com 56,99% dos votos válidos, após bater na trave em 2012. Há quatro anos, ele perdeu no segundo turno para Dennis Dauttman (PCdoB).

Em São Gonçalo, segundo maior colégio eleitoral do estado, o vencedor foi um político com longa trajetória na cidade, José Luiz Nanci (PPS). Ele é médico e se elegeu vereador em 1992. Reelegeu-se quatro vezes, somando cinco mandatos consecutivos. Em 2010, foi eleito para o seu primeiro mandato como deputado estadual, sendo reeleito em 2014. Nanci derrotou no segundo turno Dejorge Patrício (PRB).

A vitória de Nanci, que vai suceder Neilton Mulim (PR), completa a fragmentação política dos cinco maiores colégios eleitorais do estado do Rio, cada um controlado por um partido diferente: na capital, o PRB de Marcelo Crivella; em Niterói, o PV de Rodrigo Neves; em São Gonçalo, o PPS de Nanci; em Caxias, o PMDB de Washington Reis; e Nova Iguaçu, o PR de Rogério Lisboa.

Se perdeu força na Região Metropolitana, o PMDB ganhou terreno no Sul do estado. O partido levou as prefeituras de Angra dos Reis, com Fernando Jordão; Paraty, com Casé; Itatiaia, com Dudu; Barra Mansa, com Rodrigo Drable; Pinheiral, com Ednardo Barbosa; e Quatis, com Bruno. O PMDB não tinha ganho em nenhuma dessas cidades há quatro anos. Já Volta Redonda, único município da região com segundo turno, deu a vitória para Samuca Silva (PV), que derrotou Baltazar (PRB).

No Norte Fluminense, o partido que conseguiu o resultado mais expressivo foi o PP, ao vencer em oito municípios: Aperibé, com Dezoito; Laje de Muriaé, com Dr. Rivelino; Miracema, com Clovinho Tostes; Porciúncula, com Léo Coutinho; São José de Ubá, com Marcionilio; Italva, com Margareth do Joelson; Cardoso Moreira, com Gilson Nunes Siqueira; e São João da Barra, com Carla Machado.

ESQUERDA ENFRAQUECIDA
Com 9 prefeituras, o PR passou a ser a terceira força no Rio. O partido levou Nova Iguaçu, Bom Jesus do Itabapoana, Itaperuna, Miguel Pereira, Paracambi, Rio Claro, São Fidélis, São João de Meriti e Iguaba Grande. O PPS vem em seguida, com sete prefeituras: São Gonçalo, Magé, Mangaratiba, Vassouras, Rio das Flores, Cordeiro e Campos.

O PT, que em 2012 venceu em dez cidades do estado do Rio, manteve o comando de apenas uma delas: Maricá, na Região dos Lagos. Fabiano Horta foi eleito com o apoio do atual prefeito e presidente estadual do PT, Washington Quaquá. Já o PSOL, que há quatro anos conquistou a prefeitura de Itaocara, perdeu o comando da cidade para o PMDB.

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