domingo, 16 de outubro de 2016

Temer diz que não há perseguição aos pobres em propostas do ajuste fiscal

Isabel Fleck – Folha de S. Paulo

GOA (ÍNDIA) - O presidente Michel Temer disse, neste sábado (15), que "não há nenhuma perseguição aos mais pobres" no seu governo.

Ao ser questionado sobre por que não optou por taxar dividendos como forma de contribuir com o ajuste fiscal, Temer disse que a primeira opção cogitada pelo governo foi a contenção dos gastos públicos.

"Vamos caminhar muito ainda e não sabemos o que vamos fazer no futuro", disse Temer, sugerindo que, "se houver necessidade de taxar os mais ricos", isso poderá ser feito.

"Não há nenhuma perseguição aos mais pobres. (...) Na verdade nós universalizamos o governo, nós governamos para todos os setores."

O presidente também declarou que não existe previsão para uma aliança entre o PMDB, o seu partido, e o PSDB para as eleições presidenciais de 2018.

Segundo ele, uma proposta nesse sentido agora seria "extremamente prematura".

"Essas coisas só vão ser cogitáveis a partir do final do ano que vem, porque a eleição é em 2018. Não há nenhuma previsão pra esta espécie de aliança", afirmou Temer, durante visita à Índia para a cúpula dos Brics.

A coluna Painel, da Folha, revelou, na última sexta-feira (14), que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o secretário de Parcerias de Investimentos, Moreira Franco, já começaram a conversar sobre uma aliança entre os dois partidos para as próximas eleições.

"Temos uma base de mais de 20 partidos e é natural que haja muitas vezes uma ou outra afirmação", disse Temer. "O que há é a aproximação com todos os partidos da base aliada que permitiram ao governo ter uma vitória muito significativa [da PEC do teto dos gastos]."

QUEBRA DE SIGILO
Sobre a decisão do ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Herman Benjamin, na última quinta-feira (13), de determinar a quebra de sigilo bancário de três gráficas que prestaram serviço à campanha de 2014 da chapa Dilma-Temer, o presidente disse que cumprirá a decisão que for tomada pelo Judiciário.

"Se um dia o Judiciário decidir, depois de todos os recursos utilizados, que a chapa [Dilma-Temer] deve ser afastada, evidentemente nós vamos cumprir essa decisão", afirmou.

Temer disse, no entanto, que "ainda há muito caminho para percorrer". "Haverá muito argumento de natureza jurídica. Eu acho que isso ainda vai, penso eu, ter um longo caminho de natureza processual."

Uma perícia realizada pelo tribunal em agosto identificou que as empresas Rede Seg Gráfica e Editora, VTPB Serviços Gráficos e Mídia Exterior, e Focal Confecção e Comunicação não apresentaram a documentação necessária para comprovar que prestaram os serviços para os quais foram contratadas.

ALMOÇO COM EMPRESÁRIOS
O presidente chegou ao pequeno Estado indiano de Goa por volta das 9h30 (1h em Brasília) deste sábado, acompanhado dos ministros José Serra (Relações Exteriores) e Blairo Maggi (Agricultura) e da primeira-dama, Marcela.

O ministro Marcos Pereira (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), que também acompanhará Temer na cúpula, já estava na Índia para encontros dos Brics durante a semana.

Neste sábado, Temer participou de um almoço com sete representantes de empresas que estarão presentes, no domingo, na cúpula empresarial dos Brics- Vale, Marcopolo, Stefanini (softwares), Perto (caixas eletrônicos), Weg (engenharia elétrica e automação) e do Banco do Brasil.

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