sábado, 26 de novembro de 2016

Para FHC, governo Temer é frágil, 'mas é o que tem'

Daniel Carvalho, Ranier Bragon, Débora Álvares e Laís Alegretti – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse nesta sexta-feira (25) que o governo Michel Temer é frágil, mas ponderou que "é o que tem". FHC disse ainda que é muito difícil para um presidente que "dispensar um amigo".

"Diante da circunstância brasileira, depois do impeachment, o que temos que fazer é atravessar o rio. Isso é uma ponte. Pode ser uma ponte frágil, uma pinguela? Tudo bem. Mas é o que tem. Se você não tiver uma ponte, você cai no rio. Não adianta fazer muita especulação", afirmou FHC ao chegar em um seminário do partido na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Fernando Henrique disse que, diante da crise econômica que o Brasil enfrenta, não é possível se restringir a "pequenas coisas".

"Não temos tempo a perder. Temos que ter rumo e pensar muito mais no país do que nas pequenas coisas", afirmou.

Questionado especificamente sobre o pedido de demissão do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, ele falou da dificuldade de dispensar um amigo.

"Não há nada pior para um presidente do que ter que dispensar um amigo. Mas, às vezes, não tem jeito. Não é uma questão nem pessoal. É política. A pessoa não tem alternativa e, no caso, ele se antecipou. Fez bem, eu acho", afirmou.

Para FHC, a decisão que Michel Temer teve que tomar de trocar mais um ministro era inevitável. "Se cria um clima que não tem jeito. Tem que criar jeito", afirmou.

O ex-presidente da Republica disse ainda que o PSDB tem assumido seu papel de aliado do governo "responsavelmente".

"Como ele (o PSDB) votou pelo impeachment, tem que ter também uma consciência, como tem tido, de que temos que apoiar algumas medidas que, muitas vezes, parecem impopulares. Mas, impopular mesmo, é ter levado o Brasil ao caos e quem levou o Brasil ao caos foi o PT", afirmou Fernando Henrique.

"A população está decepcionada há muito tempo e cabe aos líderes políticos dar sinais de esperança", completou.

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