terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Lula é indiciado, agora na Lava-Jato

A PF indiciou o ex-presidente Lula, a ex-primeira-dama Marisa Letícia, o ex-ministro Antonio Palocci e outras quatro pessoas em dois inquéritos da Lava-Jato. Lula foi indiciado por corrupção.

Polícia Federal indicia Lula, Marisa e Palocci

Ex-presidente é acusado de corrupção passiva; para defesa, trata-se de ‘delírio’

-O Globo

A Polícia Federal decidiu indiciar o ex-presidente Lula, o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, a ex-primeira-dama Marisa Letícia e outras quatro pessoas, na Operação Lava-Jato. Lula foi indiciado por corrupção passiva; as demais pessoas, por lavagem de dinheiro.

O indiciamento trata de dois casos distintos: o primeiro é sobre a compra de um terreno, que seria usado para a construção de uma sede do Instituto Lula. O segundo é sobre o aluguel do apartamento que fica diante do imóvel onde mora o ex-presidente, em São Bernardo do Campo.

Para a Polícia Federal, nos dois casos trata-se de pagamento de propina da construtora Odebrecht a Lula. Segundo a PF, parte da propina foi usada na compra do terreno que seria usado para a construção da sede do instituto. O terreno foi adquirido por meio da DAG Construções. A PF alega que a empresa atuava como um preposto da Odebrecht. Embora o terreno tenha sido adquirido, não houve mudança da sede do instituto para o referido terreno.

Conforme a investigação, Palocci distribuía a propina da Odebrecht ao PT. A Polícia Federal concluiu que ele usava sua influência para atuar em favor dos interesses da empreiteira junto ao governo federal.

O delegado Márcio Adriano Anselmo, responsável pelo indiciamento, uniu as duas investigações, que eram feitas em inquéritos distintos, por se tratarem de fatos correlatos. Adriano disse que não indiciou Marcelo Odebrecht, ex-presidente do Grupo Odebrecht, porque ele já responde por corrupção ativa, crime que lhe seria imputado novamente.

Também foram indiciados Glaucos da Costamarques, primo do empresário José Carlos Bumlai, amigo de Lula; Demerval de Souza Gusmão Filho, dono da empresa DAG Construtora; Roberto Teixeira, advogado de Lula; e Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci.

Em relação ao indiciamento, o Instituto Lula informou que o ex-presidente aluga o apartamento vizinho ao seu. Acrescentou que o instituto funciona no mesmo local há anos e que nunca foi proprietário do terreno em questão. Já a defesa do ex-presidente afirmou que a transação envolvendo o terreno onde supostamente seria edificado o Instituto Lula é um “delírio acusatório”. “Nós apelidamos de transação imobiliária Manoel Bandeira, o nosso poeta. Uma transação que teria sido feita, mas que nunca foi. Portanto, estamos orbitando na esfera da ficção”, afirmaram os advogados.

A defesa de Palocci e Kontic disse que nada incrimina os seus clientes. “Então, este artifício acusatório não pode ser levado a sério, porque ambos nada têm a ver com o Instituto Lula, terrenos ou locação de apartamentos em São Bernardo do Campo”. Os advogados também reclamaram da atuação policial. “Até quando teremos de aguentar essas manobras da acusação, que não encontram na língua portuguesa um adjetivo qualificativo que lhes faça justiça?”.

MORO DISCUTE COM DEFESA
O juiz Sérgio Moro e os advogados de Lula voltaram a bater boca ontem, em audiência de testemunhas no processo em que o petista é acusado na Lava-Jato. Moro chegou a gritar, dirigindose ao advogado Juarez Cirino dos Santos. O juiz havia rejeitado o protesto da defesa contra uma pergunta feita pelo Ministério Público a uma testemunha e determinou que não fossem feitas novas intervenções.

— Você não pode cassar a palavra da defesa — respondeu Cirino.

— Posso, porque o senhor está sendo inconveniente — disse Moro.

Segundo Cirino, o procurador do MP estava pedindo a opinião da testemunha, não os fatos. Moro, então, levantou a voz:

— Doutor, está sendo inconveniente. Já foi indeferida sua questão. Já está registrada, e o senhor respeite o juízo! — gritou. (Com G1)

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