sábado, 10 de dezembro de 2016

Soneto de véspera – Vinicius de Moraes

Quando chegares e eu te vir chorando
De tanto te esperar, que te direi?
E da angústia de amar-te, te esperando
Reencontrada, como te amarei?
Que beijo teu de lágrimas terei
Para esquecer o que vivi lembrando
E que farei da antiga mágoa quando
Não puder te dizer porque chorei?
Como ocultar a sombra em mim suspensa
Pelo martírio da memória imensa
Que distância criou - fria da vida
Imagem tua que compus serena
Atenta ao meu apelo e à minha pena
E que quisera nunca mais perdida...


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