sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Em crise, Uerj adia novamente o início das aulas

• Bandejão fechado esta semana pesou na decisão de transferir o o período letivo para o dia 30

- O Globo

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) decidiu adiar mais uma vez o início das aulas. O período letivo, que deveria ter começado no dia 17 deste mês e havia sido transferido para segunda-feira, só terá início no dia 30. A medida foi anunciada ontem pela reitora em exercício da instituição, Maria Georgina Muniz Washington, após reunião com os sub-reitores e os diretores das unidades acadêmicas, durante Fórum de Diretores da universidade. A Uerj alega que está sem dinheiro para pagar os salários dos servidores e os auxílios estudantis e sem verba para custeio e manutenção dos campus.

Além das denúncias de sucateamento da instituição que já vinham sendo apresentadas por alunos e professores, pesou na decisão da reitoria o fato de o restaurante universitário, que fica no campus Maracanã, ter interrompido o funcionamento esta semana. No dia 30, a Uerj dará início ao segundo semestre de 2016. O calendário da instituição está atrasado, devido à greve realizada no ano passado.

MANIFESTAÇÃO NO CAMPUS
Segundo a sub-reitora de Graduação, Tânia Carvalho Netto, a universidade não tem condições que permitam a retomada de suas atividades:

— A universidade não pode ser irresponsável. Estudantes estão sem receber as bolsas de permanência. Sem essa verba, eles não têm condições de voltar às aulas. Não podemos abrir para uns e não para outros. Os servidores não sabem quando vão receber, nem quanto. Estamos sem serviços de limpeza, o restaurante universitário está fechado por causa da dívida de R$ 2,5 milhões do estado com a empresa que presta o serviço. É a precariedade da precariedade. Uma situação de afronta.

As demais atividades acadêmicas e administrativas previstas no calendário estão mantidas. De acordo com Tânia, reuniões serão feitas diariamente para avaliar se o estado está tomando as medidas necessárias em relação á Uerj:

— Queremos que o governo faça o depósito para a empresa de limpeza e reabra o restaurante. E que seja apresentado um calendário de pagamento. Hoje, a Uerj não tem condições de receber aulas. Isso não significa que universidade está parada. Estamos resistindo. Queremos a Uerj aberta.

Ontem, centenas de estudantes e servidores se reuniram ao redor do campus do Maracanã para um abraço ao prédio. A ação teve como objetivo chamar a atenção para os problemas enfrentados pela universidade. Mais de 40 entidades de classe comparecem ao ato. O aluno de licenciatura em Química Diego José Nascimento, que está prestes a se formar, considera o adiamento das aulas legítimo.

— Vim abraçar a Uerj por causa da situação da universidade. Professores sem receber, bandejão fechado. Os professores estão dando aulas há muito tempo sem ganhar nada, fora os problemas na infraestrutura.

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