quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Na disputa pelo poder na Câmara, candidato ameaça guerra jurídica

• Jovair Arantes afirma que vai recorrer caso seja derrotado por Maia

Isabel Braga - O Globo

-BRASÍLIA- Líder do PTB e précandidato à presidência da Câmara, o deputado Jovair Arantes (GO) partiu ontem para o ataque ao principal adversário, o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), classificando a candidatura dele como ilegítima e avisando que se ele insistir e for reeleito, irá judicializar a disputa. Numa resposta a Maia, que na véspera cobrou coerência dos adversários e afirmou que a eleição deveria ser ganha “no voto”, e não no Supremo, Jovair disse que o presidente da Casa deveria dar o exemplo e cumprir a Constituição Federal e as leis. A eleição está marcada para o próximo dia 2 de fevereiro.

— (Se ele ganhar) acho que não vai ficar bem para a sociedade, vendo que o presidente está sub judice, porque vamos judicializar. A candidatura dele (Maia) não é legítima porque ela expõe, de forma muito severa, a Casa, na medida em que a Constituição está sendo rasgada e o regimento está sendo rasgado. A sociedade não quer ver uma Casa que desrespeita as regras que ela própria votou — atacou Jovair.

O líder do PTB negou que esteja se apresentando como candidato para negociar cargos no ministério de Michel Temer e avisou que, se eleito, irá priorizar as votações das reformas enviadas ao Congresso Nacional pelo Executivo:

— Evidente que ser ministro é sempre importante para o estado e para quem assume, mas candidatura para negociar não entra no meu perfil — disse o petebista.

A Constituição afirma que as mesas diretoras do Congresso serão eleitas para um mandato de dois anos, sem possibilidade de reeleição dentro da mesma legislatura. Maia alega que a vedação para disputar novamente não se aplica a ele, uma vez que foi eleito para um mandato-tampão de seis meses. Já seus adversários afirmam que a lei veda a segunda disputa, não importando o tempo de mandato. Adversários de Maia já ingressaram com duas ações no Supremo Tribunal Federal. A corte ainda não se posicionou em relação ao mérito da questão.

Aliados de Maia afirmam que os adversários estão explorando a questão jurídica porque têm dificuldade de ganhar no voto. Anteontem, sem assumir oficialmente que é candidato, Maia disse que essa é uma questão que interna corporis e que cabe à Câmara decidir. Ontem Maia não quis se manifestar, mas aliados dele criticaram as declarações do petebista.

— A campanha é na Câmara. Não adianta buscar votos no Supremo — disse José Carlos Aleluia (DEM-BA).

Para custear a campanha, Jovair fará um vaquinha entre os deputados que o apoiam. Ontem ele se reuniu com alguns aliados e assessores para traçar a estratégia da campanha. Ele nega que seja candidato pelo chamado centrão — grupo de partidos que se uniu para eleger o ex-presidente Eduardo Cunha, que atuava em bloco nos pleitos ao Executivo. O grupo perdeu força com a cassação de Cunha e a derrota do líder do PSD, Rogério Rosso (DF), justamente para Maia, em julho do ano passado.

Rosso é novamente candidato e integrantes do centrão acreditam que as duas candidaturas são importantes para garantir que a eleição tenha segundo turno. Ontem, Rosso decidiu pressionar Maia a assumir publicamente sua candidatura e sugeriu a realização de um debate entre os pré-candidatos à presidência da Câmara.

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