segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

‘O pior na economia já passou’, diz Henrique Meirelles

Entrevista/Henrique Meirelles (ministro da Fazenda)

Marcelo de Moraes - Coluna do Estadão | O Estado de S. Paulo

Oito meses depois de assumir o comando da economia brasileira, no meio de gravíssima crise, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, acredita que a situação mais crítica já foi superada. Ele reconhece que ainda haverá uma demora para a retomada do emprego, mas acredita que a recente queda na taxa de juro vai ajudar o Brasil a se recuperar mais rapidamente. Na véspera de participar do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, o ministro quer transmitir o recado que o País “finalmente, está enfrentando seus problemas”.

Cenário atual
Certamente, o pior na economia já passou. Tivemos um quarto trimestre (de 2016) ainda sofrendo os efeitos da recessão que encontramos ao assumir. Mas já estamos vendo uma recuperação em andamento no primeiro trimestre de 2017.

Reação
O Brasil está enfrentando as questões fundamentais que geraram a recessão, da qual apenas agora estamos conseguindo sair. Foi aprovada a PEC do Teto dos Gastos, que dá o parâmetro para todo o restante. Em seguida, tivemos aprovada pela CCJ da Câmara a admissibilidade da reforma previdenciária. Então, as causas macroeconômicas que geraram o desequilíbrio da economia, que geraram dúvidas sobre a solvência do Brasil e do Estado brasileiro e que, portanto, geraram esse mergulho aonde estamos, foram equacionado com a PEC e com a reforma da Previdência.

Prazo para recuperação
É importante mencionar que estamos partindo de uma base muito baixa na economia. Então, quando comparamos a média do PIB prevista para 2017 com a média do PIB para 2016, a diferença acaba sendo pequena. Mas se compararmos a projeção do quarto trimestre de 2017 com o quarto trimestre de 2016, então, estamos prevendo um crescimento de 2%. É um crescimento forte. A nossa avaliação é que o Brasil vai crescer no primeiro trimestre de 2017.

Retomada de empregos
O emprego reage de maneira defasada em relação à atividade econômica. Tanto que em 2014, quando a economia já estava começando a mergulhar, o emprego ainda estava altíssimo. É a mesma coisa agora. Já estamos crescendo nesse trimestre e, no entanto, o desemprego ainda sobe um pouquinho. Devemos ter a recuperação do emprego apenas no segundo semestre.

Reforma da Previdência
É normal que seja muito discutida. Mas acho que estamos indo bem na medida em que existe a consciência de que se não fizer isso a Previdência quebra. É o que está acontecendo no Rio. Pode acontecer em outros Estados. O esclarecimento vai fazer com que isso seja aprovado. As pessoas entendem que não se pode ter, em média, pessoas que passam mais tempo aposentadas do que trabalhando.

Burocracia
Estamos tomando medidas para que o Brasil seja um País onde é fácil e barato produzir. O Banco Mundial tem um jeito de medir isso e o Brasil está mal classificado nessa lista.

Efeito Trump
Em relação ao Brasil, não tem impacto específico, na medida em o País não tem um componente de balança de pagamentos que dependa muito de remessa de brasileiros que trabalham nos Estados Unidos, como é o caso do México, por exemplo. O Brasil, infelizmente, também não é um grande exportador de manufaturados para os Estados Unidos, como China e México. É nesse ponto que Trump vai fazer sua maior frente de combate. Não atinge o Brasil diretamente.

Davos
É muito importante nossa ida pois vamos mostrar o Brasil que está se reformando para crescer. Vamos explicar as reformas macroeconômicas, o ajuste fiscal e as reformas microeconômicas. Vamos mostrar que o Brasil está, finalmente, enfrentando seus problemas.

Redução de juros
Ao contrário do que aconteceu no passado, a redução de juros agora é sólida. Baseada na queda da inflação. O Banco Central está agindo tecnicamente e rigorosamente. E o corte do juro fará com que o País voltar a crescer rapidamente

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